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Coimbra diz que 90% da habitação social será construída fora do Ingote

O presidente da Câmara de Coimbra garantiu hoje que 90% da habitação social a ser construída no concelho será fora do Planalto do Ingote, após críticas de associações de moradores sobre a concentração da resposta naquela zona da cidade.

Coimbra diz que 90% da habitação social será construída fora do Ingote
Notícias ao Minuto

06:30 - 19/07/22 por Lusa

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"Vamos mudar o paradigma de 90% no Ingote, para 90% fora do Planalto do Ingote (incluindo estes novos projetos)", afirmou José Manuel Silva, durante a Assembleia Municipal de Coimbra, que arrancou com uma intervenção de um porta-voz que representava quatro associações de moradores, em protesto contra o projeto de construção de mais fogos de habitação social naquela zona da periferia da cidade.

Rui Calado, que entregou uma petição contra a construção de um novo edifício de habitação social com 32 fogos no Planalto do Ingote, interveio em representação das associações de moradores do Bairro da Rosa, Bairro António Sérgio, Rua Cidade S. Paulo e Monte Formoso.

O porta-voz realçou que a habitação social no Planalto do Ingote representa 60% de toda a habitação social do concelho, realçando que, em democracia, 90% da habitação daquele tipo em Coimbra foi toda construída naquela zona do município.

"São números esmagadores", notou, defendendo que as boas práticas apontam para a necessidade de não se alimentar "a espacialização da pobreza" -- zonas para pessoas mais vulneráveis e outras "para pessoas bafejadas pela sorte".

Vincando que as associações são a favor de mais habitação social no concelho, o munícipe recordou as posições no passado do presidente da Câmara, enquanto vereador na oposição e enquanto candidato, que se assumiu a favor de uma política de habitação social descentralizada.

Rui Calado considerou que, apesar dos prazos estipulados pelo Plano de Recuperação e Resiliência, haveria tempo para reverter a decisão e dar uma resposta a curto prazo às mil famílias a necessitar de habitação, através do arrendamento, e uma resposta a médio e longo prazo com a construção de novos fogos noutros locais do concelho.

"Não se podem tomar decisões sem se ouvir as pessoas", criticou, considerando que a Estratégia Local de Habitação, aprovada no anterior mandato em que o executivo era liderado pelo PS, não ouviu moradores, assistentes sociais ou até os beneficiários, que poderão vir a ser forçados a mudarem o seu local de residência e redes informais de apoio.

Na resposta, José Manuel Silva, eleito pela coligação Juntos Somos Coimbra, frisou que pretende "uma mudança radical" e que o seu executivo não quer concentrar mais população no Bairro do Ingote.

O autarca justificou a decisão por a estratégia e o loteamento já terem sido definidos pelo anterior executivo, alegando que a mudança de decisão quanto àquela obra levaria à perda de financiamento.

"Se perdermos o financiamento, não respondemos à necessidade das pessoas", frisou.

Já o líder da bancada socialista, Ferreira da Silva, considerou que a autarquia quer transformar o Planalto do Ingote num gueto, apesar de o novo edifício estar previsto na estratégia de habitação aprovada pelo PS e pela CDU em 2020.

"A sua concentração [da habitação social], se inadequada, não me parece que seja problemática", comentou o deputado comunista Pinto Ângelo.

Posição contrária teve o movimento Cidadãos por Coimbra (CpC), que, pela voz da deputada Graça Simões, criticou a decisão da Câmara, recordando que, se fosse uma questão de urgência na resposta às famílias carenciadas, a construção de nova habitação não é a solução, já que terão que esperar "três anos até à sua conclusão".

Na sua intervenção, a deputada defendeu ainda o avanço para o Centro Cívico do Ingote, criticando a perda de tempo "no avanço do seu concurso".

Sobre essa questão, José Manuel Silva frisou que o gabinete do arquiteto Carrilho da Graça "está a trabalhar no projeto", que tem de ser adaptado à "realidade e legislação atual".

Também o presidente da União de Freguesias de Eiras e São Paulo de Frades, Luís Correia, eleito também pela coligação Juntos Somos Coimbra, defendeu que a Estratégia Local de Habitação deva ser "seriamente discutida pela primeira vez" e revista, vincando que é necessário desconstruir o mito em torno do Ingote.

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