Reguladores chineses desvalorizaram crise imobiliária (e deixam pedido)
Os reguladores chineses desvalorizaram a crise imobiliária e a desaceleração do crescimento económico do país, pedindo aos investidores estrangeiros a "não apostarem contra a China", numa cimeira financeira realizada em Hong Kong.
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Casa China
Cerca de 200 executivos do setor financeiro estão reunidos para discutir questões relacionadas com a sustentabilidade e riscos no sistema financeiro internacional, na primeira grande conferência realizada na região semiautónoma da China, que deixou de impor quarentena a quem chega do exterior.
O vice-presidente da Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China, Fang Xinghai, pediu aos participantes para visitarem o país asiático, entenderem o que está a acontecer, e "não apostarem" contra a China e Hong Kong.
A imprensa internacional "não entende muito bem a China" e tem uma "visão de curto prazo", descreveu Fang, provocando risos e aplausos da plateia.
Fang e outras autoridades chinesas participaram na conferência através de vídeos gravados com antecedência, uma vez que as viagens de e para a China continental estão limitadas por rigorosos requisitos de quarentena.
O presidente do banco central da China, Yi Gang, disse que a inflação permanece moderada, abaixo de 3%, em comparação com 8% ou mais em muitas economias ocidentais, e que o país vai manter as políticas de reforma económica.
Os comentários parecem visar as preocupações que surgiram depois do 20.º Congresso do Partido Comunista Chinês, realizado no mês passado. O líder Xi Jinping obteve um terceiro mandato de cinco anos, quebrando com a tradição política das últimas décadas, e os membros da ala reformista foram afastados do topo da hierarquia do poder na China.
No dia a seguir à apresentação da nova formação do Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista, a bolsa de Valores de Hong Kong afundou 6,5%, para o nível mais baixo desde 2009.
"A China tem perspetivas de alargamento do mercado a longo prazo, já que há ainda muito espaço para o processo de urbanização, e a procura dos consumidores de classe média permanece alta", disse Yi.
A economia da China cresceu a um ritmo anual de 3,9%, no último trimestre, em comparação com o ano anterior, bem abaixo da meta oficial de "cerca de 5,5%". O setor imobiliário enfrenta uma crise de liquidez, à medida que os reguladores tentam conter o aumento da dívida para níveis insustentáveis.
O vice-presidente da Comissão Reguladora de Bancos e Seguros da China, Xiao Yuanqi, procurou tranquilizar os participantes da conferência, ao apontar que o crédito à habitação representa apenas 26% dos empréstimos totais dos bancos e que 90% dos empréstimos são de "boa qualidade".
A lista de participantes inclui os presidentes executivos dos bancos de investimento Morgan Stanley, Goldman Sachs, e outros executivos importantes de instituições como o Citigroup e a Blackstone.
A conferência visa destacar o papel da antiga colónia britânica como um centro financeiro atraente e competitivo.
A cidade continua a ser o "único lugar do mundo onde as vantagens do sistema financeiro internacional e as vantagens únicas da China se unem num só lugar", disse o chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee, na abertura do evento.
"Essa convergência única torna Hong Kong num elo insubstituível entre o continente e o resto do mundo, à medida que o centro de gravidade económica do mundo se desloca para o leste", defendeu.
A região foi abalada, em meados de 2019, por protestos pró-democracia, que culminaram na imposição por Pequim da lei de segurança nacional. No ano seguinte, a covid-19 trouxe rígidas medidas de prevenção contra a doença.
Lee disse que o "pior está para trás". O ex-chefe da Segurança da região afirmou que "a lei e a ordem foram restauradas" e que os distúrbios sociais foram resolvidos.
Os organizadores avançaram com a conferência há muito planeada, apesar dos alertas de tempestade tropical, que levaram as autoridades a encerrar as escolas.
Hong Kong ajustou também as medidas de prevenção epidémica para permitir que os participantes jantem em restaurantes específicos. A maioria dos outros viajantes está proibida de o fazer durante os três dias após a chegada.
Os participantes que testarem positivo podem também sair em voos fretados, se quiserem, em vez de ficarem isolados por pelo menos sete dias no território.
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