Deco alerta clientes para propostas de taxa fixa no crédito à habitação
A Deco aconselhou hoje os consumidores a ponderarem as propostas dos bancos para mudarem os créditos à habitação para a taxa fixa a cinco ou dez anos, considerando que estão apenas a tentar melhorar as rentabilidades dos contratos.
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O Negócios noticia, na sua edição de hoje, citando dados do Banco de Portugal, que a taxa fixa "tem vindo a reforçar o seu peso nas novas operações de crédito á habitação", apesar de a indexação à Euribor ser ainda largamente maioritária, em 90% dos contratos.
O jornal refere mesmo o caso de um banco que está a propor a alguns dos seus clientes que fixem a taxa de empréstimo durante cinco a dez anos, numa altura em que a Euribor assume valores cada vez mais negativos.
Em declarações hoje à agência Lusa, o economista Nuno Rico, da Deco, explicou que, com este tipo de política comercial, os bancos estão a tentar vender mais caro e aumentar as rentabilidades dos contratos de crédito que têm neste momento em carteira.
"O banco está a tentar vender mais caro o financiamento. A vantagem para os bancos é rentabilizar os contratos que têm 'spreads' muito baixos", frisou.
"Atualmente, estamos a assistir a uma maior oferta por parte dos bancos de produtos de crédito com taxa fixa, algo que há uns anos atrás nem sequer tinha expressão, e isto porque estão a aproveitar a taxa fixa para vender o crédito a uma taxa de juro superior. Esta proposta do BCP enquadra-se neste contexto comercial", disse.
De acordo com o economista, o argumento comercial dos bancos é de que esta proposta vai dar uma estabilidade no valor da prestação e previne eventual subida da taxa de juro nos próximos anos.
"Acontece que quer o mercado, quer o próprio contexto económico dentro da Zona Euro, e não existindo alteração significativa, não nos parece que vá haver uma evolução tão significativa da taxa de juro. O que acontece é que o cliente fica a pagar mais durante um determinado período de tempo, podendo ter um crédito com custo mais baixo",considerou.
No entender de Nuno Rico, a única vantagem da proposta é para os clientes que não se sintam à vontade com oscilações na prestação.
"Pode ser visto como um prémio seguro, para quem não se sente à vontade com a revisão constante da sua prestação, mas no final pode não compensar perante o atual cenário de mercado", sustentou.
Assim, sublinhou, a Deco aconselhou aos clientes que ponderem muito a proposta e, se não tiverem problemas com a variação da taxa, é apenas mais um agravamento da taxa de juro.