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"Já viste um negro gritar 'branco'? Não, porque temos 2 dedos de testa"

Lamine Yamal 'abre o livro' e revela como teve de lutar para convencer os pais de que iria mesmo ser jogador profissional de futebol, ao ponto de lhes ter dito: "Se vocês dependerem de eu trabalhar, estamos fo*****".

"Já viste um negro gritar 'branco'? Não, porque temos 2 dedos de testa"

© Getty Images

Carlos Pereira Fernandes
12/09/2025 08:45 ‧ há 5 horas por Carlos Pereira Fernandes

Lamine Yamal concedeu, esta quinta-feira, uma extensa entrevista a José Ramón de la Morena, no podcast 'Resonancia de Corazón', na qual abordou diversos temas de índole mais pessoal, começando desde logo pelas dificuldades que teve em conciliar os estudos com a vida de futebolista.

 

"O primeiro ano foi bom, mas o segundo... Eu penso que, tendo saído de Mataró, não estava habituado a conviver com pessoas de outro nível social e outras coisas. Desliguei-me das aulas, não estava confortável. Dava-me bem com as pessoas de La Masia, mas, no colégio, não estava no meu lugar. Vinha de um colégio onde me encontrava com as pessoas do meu bairro, da padaria, do talho...", começou por afirmar.

"Era outra coisa. Eu teria gostado de estudar, mas penso que não fui feito para isso. Disse aos meus pais 'Se vocês dependerem de eu trabalhar, estamos fo*****, mas, se vocês quiserem que eu seja futebolista, fiquem tranquilos, porque eu vou ser futebolista'. A minha mãe dizia-me que eu não iria jogar se não estudasse. Houve um momento em que estava em La Masia e lhe liguei. Disse-lhe 'Mamã, vou para o colégio, mas não vou fazer nada. Vou preparar-me para treinar à tarde'", prosseguiu.

"Perguntou-me o que é que eu estava a dizer, o que é que tinha tomado... 'Se me concentrar, vou ser futebolista', disse-lhe. Não a convenci, chateou-me todos os dias. Até quando me estreei me chateou, porque tinha de estudar e não estava a estudar. Recomendo às pessoas que não façam o que eu fiz, porque podia perfeitamente ter acontecido não ser futebolista", completou.

O ataque ao pai e o racismo

A 'coqueluche' do Barcelona falou, ainda, do esfaqueamento de que o pai, Mounir Nasraoui, foi vítima, em agosto do passado ano de 2024, no município catalão de Mataró, que levou a que este fosse transportado, de emergência, para o Hospital de Can Ruti, para receber tratamento especializado.

"Eu estava no carro, vinha de comprar roupa. Estava com o meu primo, e ligou-me a minha prima a contar. Começaram a chegar-me chamadas, e, naquele momento, eu era uma criança. A primeira coisa que fiz foi sair do carro e tentar ir para a estação de comboio, para seguir para Mataró, mas já era futebolista. Eu sabia que o mau pai estava mal, porque tinha sido esfaqueado", recordou.

"Eu queria ir a Mataró, ver o que se passava, mas o meu primo não me deixou apanhar o comboio. Fecharam-me em casa. Tentava sair e não me deixavam. Foram momentos duros. No dia seguinte, tinha treino e fui. Via que não podia fazer nada. Liguei-lhe e ele disse-me que estivesse tranquilo e não me preocupasse. Fui vê-lo ao hospital, no dia seguinte, de manhã, e, depois, tudo se tranquilizou", acrescentou.

A terminar, o internacional espanhol lamentou os casos de racismo que vão 'manchando' o futebol do país vizinho: "Alguma vez visto um negro a chamar 'branco' a alguém, na rua? Não, porque temos dois dedos de testa. Então, são algumas pessoas que não sei o que lhes terão dado, em pequenos, mas que ficaram um pouco mal. Não me preocupa".

Leia Também: Pazes feitas? Cristiano Ronaldo entra no onze ideal de Lamine Yamal

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