O mercado de transferências já fechou, mas ainda há quem o continue a analisar. Desta feita, na passada segunda-feira, José Boto - atual diretor desportivo do Flamengo - fez esse ponto de situação para os adeptos e até chegou a meter o Sporting 'ao barulho'.
"O Sporting vendeu o Gyökeres por 70 milhões de euros este ano. Se eu quisesse trazê-lo para o Flamengo, ninguém questionaria. Mas quando o Sporting o comprou por 20 milhões, ele ainda jogava na segunda liga inglesa", começou por referir o dirigente do mengão em entrevista à UOL Esporte.
"Aqui, sinto que isso seria impossível pela reação negativa que houve até com uma contratação de 5 milhões. Precisamos ser inteligentes e adaptar-nos às diferenças culturais e às expectativas dos adeptos", continuou, antes de abordar os negócios de Samuel Lino, Saúl Niguez, entre outros temas.
“O perfil do Samuel Lino era exatamente o que procurávamos desde o início da temporada. No entanto, não foi possível contratar um jogador desse tipo no começo, porque o clube enfrentava algumas dificuldades de caixa. Já nesta última janela, com maior disponibilidade financeira, ele foi sempre o nosso alvo número um", analisou.
"Sabíamos, porém, da dificuldade em contratá-lo, já que estava em alta na Europa e disputado por dois clubes campeões nacionais, que inclusive iam jogar a Champions League. O maior desafio não foi a negociação com o clube ou o salário, mas sim convencer o jogador de que voltar ao Brasil e ao Flamengo seria uma boa decisão para sua carreira", referiu José Boto.
"O Saúl surgiu como uma boa oportunidade, já que o mercado é dinâmico. Embora já tivesse praticamente acertado sua ida para o Trabzonspor. A negociação aconteceu durante a noite de um jogo contra o São Paulo, aqui no Maracanã. Lembro-me de ter ido descansar por volta das 5 ou 6 horas da manhã, já com o acordo fechado e o jogador pronto para vir ao Brasil, em vez de assinar com o clube turco", desvendou o diretor desportivo do Flamengo, que revelou o interesse de outros jogadores europeus em jogar no clube brasileiro.
"Após essas contratações, recebemos sondagens de nomes importantes e conhecidos do futebol europeu, interessados em jogar no Flamengo. No entanto, naquele momento não precisávamos reforçar as posições que eles ocupavam", disse.
José Boto referiu que Portugal tinha uma vasta identidade de identificar jogadores no Brasil antes dos próprios brasileiros estarem atentos ao atleta em questão.
"Venho de um país pequeno, mas famoso no futebol por esse tipo de negócios. Em Portugal, nunca ninguém tinha ouvido falar do David Luiz, nem sequer no Brasil vocês tinham ouvido falar. E depois deram os jogadores que deram. O Ramires já era mais conhecido, mas muitos não eram. Há uma cultura enraizada de se fazer isso em Portugal. No Brasil, muitos clubes terão que adotar essa prática. Talvez o Flamengo não precise tanto, mas outros vão ter de começar a fazer isso", confessou.
Interesse no treinador Filipe Luís é para descartar
O trajeto ascendente de Filipe Luís enquanto treinador do Flamengo não tem passado despercebido pelos clubes europeus. O técnico brasileiro, que jogou ao mais alto nível em vários clubes da Europa, recusou uma investida de um emblema desse continente.
"Na semana passada, em Portugal, conversei com o representante dele sobre a renovação. Quero destacar também que, nesse mesmo período, o Filipe Luís recusou uma proposta de um clube europeu", informou José Boto.
"Sei disso porque o presidente desse clube ligou-me para perguntar quanto custaria libertar o treinador. Respondi que o Flamengo não é um banco e que não tínhamos interesse em vendê-lo. Queremos que ele fique, e ele próprio também recusou", concluiu o dirigente do Flamengo.
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