O ministro das Infraestruturas e da Habitação marcou presença, na estação de Santa Apolónia, em Lisboa - de onde partiu numa viagem até Santarém -, esta segunda-feira, dia em que o novo passe ferroviário verde entra em vigor.
Aos jornalistas, Miguel Pinto Luz, assegurou que a CP está preparada para o impacto que a medida pode ter, uma vez que fez parte do processo de construção da mesma.
"Acreditamos profundamente nos quadros da CP, no talento da CP, esta medida foi desenhada com a CP, não foi desenhada a partir do gabinete do ministro, não. A CP está consciente do risco, vai aumentar a procura, vai. Temos alguns serviços aos quais vamos estar atentos. Há outros que, infelizmente, em Portugal, a procura era pouca. E, portanto, temos uma média de ocupação dos Intercidades na casa dos 50%", garantiu.
Questionado sobre o facto de muitos passageiros ainda desconhecerem esta medida, o governante garantiu que não sabe que dúvidas podem existir, uma vez que "até um Conselho de Ministros" houve sobre o passe ferroviário verde.
Apesar de defender que a comunicação foi feita de "forma abrangente", o ministro admitiu que pode ser feito ainda "mais" e que a "CP já está a preparar uma comunicação" sobre o tema.
A CP será ressarcida até ao último cêntimo do que hipoteticamente poderá vir a perder. Até pode ganhar se aumentarmos a base de pagantes, até podemos reequilibrar as contas
Miguel Pinto Luz recordou ainda que, segundo a CP, "a medida pode abranger 30 milhões de passageiros no prazo de um ano".
"CP será ressarcida até ao último cêntimo"
Já à Lusa, o ministro garantiu que a CP será compensada por eventuais perdas financeiras devido ao passe ferroviário verde e que é objetivo do Governo de que haja mais pessoas a andar de comboio e menos de autocarro.
"A CP será ressarcida até ao último cêntimo do que hipoteticamente poderá vir a perder. Até pode ganhar se aumentarmos a base de pagantes, até podemos reequilibrar as contas", afirmou.
Recorde-se que a Comissão de Trabalhadores da CP considerou, em 8 de outubro, que a compensação prevista pelo Governo para a empresa pelo novo passe, de 18,9 milhões de euros, é insuficiente, uma afirmação que levou a "surpresa e repúdio" por parte do presidente da CP, Pedro Moreira, e afirmando que esse valor foi calculado com rigor pela empresa.
Sobre a impugnação do concurso para a compra de 117 comboios pela CP, Pinto Luz adiantou que os advogados da CP estão a tentar que rapidamente esses comboios estejam operacionais.
"[O Governo anterior, PS] fez o maior concurso público para aquisição de comboios jamais feito em Portugal, 117 comboios novos, que estão parados em tribunal numa litigância que dura há mais de um ano. Por todos os meios, a CP está a tentar libertar-se desse espartilho e andar para a frente com essa aquisição", declarou.
Questionado sobre as críticas de operadores rodoviários a este passe, o ministro disse que o seu ministério é claro no objetivo de que quer menos pessoas a andar em transporte rodoviário e mais a andar de comboio, em linha com a estratégia ambiental europeia.
"Eu quero menos pessoas a andar de autocarro e mais a andar de comboio, não tenham dúvidas. O que aconteceu nas últimas décadas por falta de investimento na ferrovia? Os autocarros aumentaram de sobremaneira nas ultimas décadas. Nós temos de ter mais concidadãos nossos a utilizar ferrovia", disse Pinto Luz.
O passe ferroviário de 20 euros mensais entra hoje em vigor, para residentes no país, nos serviços CP Intercidades (2.ª classe), Regionais, InterRegionais (2.ª classe), Urbanos de Coimbra e Urbanos de Lisboa e Porto fora da área metropolitana.
Lusa | 06:23 - 21/10/2024
O passe ferroviário de 20 euros mensais entra hoje em vigor, para residentes no país, nos serviços CP Intercidades (2.ª classe), Regionais, InterRegionais (2.ª classe), Urbanos de Coimbra e Urbanos de Lisboa e Porto fora da área metropolitana.
A utilização do Passe Ferroviário Verde, de 20 euros mensais, nos Intercidades prevê a reserva obrigatória de lugar com antecedência máxima de 24 horas, que tem de ser feita nas bilheteiras da CP ou máquinas de venda automática em Lisboa.
Atualmente, um bilhete normal no serviço Intercidades para uma viagem de ida Lisboa-Porto, em segunda classe, custa 26,85 euros, ou seja, mais do que o valor do passe que entra hoje em vigor
Este passe não é válido nos serviços Alfa Pendular e Internacional Celta, nem na primeira classe dos serviços Intercidades e InterRegional.
O novo passe vai permitir andar em todos os comboios urbanos de Coimbra, mas nos de Lisboa e Porto só fora das respetivas áreas metropolitanas.
O passe tem o valor de 20 euros para 30 dias consecutivos de utilização, mas pode também ser adquirido para 60 e 90 dias, por 40 e 60 euros, respetivamente, e é carregado no Cartão CP que, segundo o 'site' da transportadora, tem um custo de seis euros (três euros para estudantes).
O arranque hoje deste passe foi marcado com uma viagem do ministro das Infraestruturas, que adquiriu o seu passe na Estação de Santa Apolónia e fez depois uma viagem até Santarém, acompanhado de jornalistas.
Ainda nas declarações aos jornalistas, o ministro disse que o atual passe ferroviário (de 49 euros e que não incluía intercidades) tinha uma média de passes mensal de 2.600 apenas, pelo que, sem indicar um objetivo mensal, disse que espera que esse valor vá "duplicar, triplicar numa primeira fase."
[Notícia atualizada às 10h46]
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