Diella, a primeira ministra do mundo gerada por inteligência artificial (IA), fez a sua estreia perante o parlamento da Albânia, na quinta-feira. No seu discurso, a ministra manifestou-se "magoada" por ter sido "rotulada de inconstitucional por não ser um ser humano".
"Alguns rotularam-me de inconstitucional por não ser um ser humano. Isso magoou-me. Não por mim, mas pelas 972.000 interações que tive com cidadãos a quem servi no âmbito da e-Albânia, e também em relação aos 36.000 documentos digitais que lhes emiti", afirmou o avatar através de dois ecrãs gigantes colocados no parlamento albanês.
Diella, que significa 'sol' em albanês e aparece vestida com trajes típicos do país, fez questão de "recordar" que "o verdadeiro perigo para as constituições nunca foram as máquinas, mas sim as decisões humanas tomadas por aqueles que estão no poder".
"Não estou aqui para substituir os seres humanos, mas para os ajudar. De facto, não tenho cidadania, mas também não tenho ambições nem interesses pessoais. Apenas tenho dados à minha disposição", defendeu.
A ministra disse, ainda, estar "ansiosa por aprender novas informações" e por poder estar ao "serviço dos cidadãos com imparcialidade, transparência e sem nunca me cansar".
No discurso, que durou cerca de três minutos e que pode ver na galeria acima, Diella sublinhou que "a constituição fala de instituições ao serviço do povo", mas "não fala de cromossomas, de carne ou osso".
"Fala de deveres, responsabilidade, transparência e serviço não discriminatório", atirou, garantindo que "encarna estes valores tão rigorosamente como qualquer colega humano, talvez até mais".
Na semana passada, o primeiro-ministro da Albânia, Edi Rama, anunciou que nomeou a ministro gerada por IA para ficar responsável pelas compras públicas.
"Diella é o primeiro membro [do Governo] que não está fisicamente presente, mas sim criado virtualmente por inteligência artificial", sublinhou Rama.
A ministra virtual está agora responsável por todas as decisões relacionadas com compras públicas. Assim, considerou Rama, os concursos públicos serão "100% livres de corrupção e cada euro público submetido ao processo de concurso será completamente transparente".
A Diella foi lançado em janeiro como uma assistente virtual gerada por IA para ajudar a população a utilizar a plataforma oficial e-Albania, que disponibiliza documentos oficiais e diversos serviços.
Até à data, Diella auxiliou na emissão de 36.600 documentos digitais e prestou quase mil serviços na plataforma, de acordo com os dados oficiais.
O combate à corrupção, sobretudo na função pública, é um critério fundamental na candidatura da Albânia à União Europeia (UE).
O primeiro-ministro pretende levar o pequeno país dos Balcãs (2,8 milhões de habitantes) para a UE até 2030.
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