Reconstrução de igreja engolida pelo fogo arranca em 2022
A reconstrução da igreja de Lavradas, em Ponte da Barca, após um incêndio, em 2017, que deixou de pé apenas as paredes do templo do século XVII, vai começar a partir de meados de 2022, foi hoje divulgado.
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País Ponte da Barca
Contactado hoje à agência Lusa, o arquiteto responsável pelo projeto, Rafael Freitas, explicou que no final de dezembro terminam os trabalhos de prospeção arqueológica, fase que antecede o arranque do processo de licenciamento do projeto de especialidades, determinante para o início das obras de reconstrução.
"A equipa de arqueólogos está no terreno há cerca de um ano à procura de vestígios que possam ser relevantes para preservação. Até agora foram encontradas ruínas da antiga igreja, várias ossadas, porventura nada de significativo possa vir a impedir a continuidade do projeto", especificou o arquiteto ao serviço da Fábrica da Igreja de São Miguel de Lavradas.
O acompanhamento arqueológico foi determinado por um parecer da Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN), ao abrigo do processo de licenciamento do projeto submetido à apreciação da Câmara de Ponte da Barca, no distrito de Viana do Castelo, em abril de 2019.
No parecer, a DRCN justifica a elaboração de um plano de acompanhamento arqueológico para a obra com a "forte possibilidade de existência de vestígios arqueológicos" naquela zona.
Rafael Freitas disse ser prematuro avançar o montante do investimento total da intervenção.
"Neste momento, não podemos, em rigor, avançar com uma estimativa face à instabilidade do mercado da construção civil que provocou o aumento do custo dos materiais", especificou.
A igreja de Lavradas, do século XVII, foi totalmente consumida por um incêndio causado por um curto-circuito em 18 de dezembro de 2017. No Plano Diretor Municipal (PDM) de Ponte da Barca está inserida numa zona classificada como Área de Património Inventariado Arqueológico.
O projeto de reconstrução com início previsto para meados do próximo ano é um dos três apresentados numa sessão pública realizada na aldeia, em junho 2018, e que acabou escolhido "por maioria".
Anteriormente, Rafael Freitas explicou à Lusa que "o projeto escolhido é mais caro e prevê uma ampliação para quase o dobro do templo que existia, mas prevê a reconstrução, na íntegra, do que sobrou do incêndio".
O projeto, que tem o aval da Diocese de Viana do Castelo, originou a "discórdia" por prever a demolição da residência paroquial.
O edifício chegou mesmo a ser vandalizado com a pintura de várias frases como "Não à demolição" e "o povo vai à luta", reclamando a realização de um referendo sobre o assunto.
"A polémica está ultrapassada e a maioria das pessoas apoia a intervenção que está a ser feita", disse.
Rafael Freitas explicou que "a casa paroquial, que se encontra devoluta, não é há muito habitada pelo padre, nem tem condições para acolher as crianças que frequentam a catequese".
"Com a reconstrução, a catequese passará a ocupar a cave da igreja", especificou.
Em junho de 2018, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, visitou a igreja para "cumprir uma promessa" feita após o incêndio, de apoiar a reconstrução do templo.
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