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Arguido de tentativa de homicídio em Fafe nega crime. "Só fui agredido"

O Tribunal de Guimarães começou hoje a julgar o segundo processo das agressões violentas a um jovem junto a uma discoteca em Fafe, em 2022, no qual um dos arguidos negou os crimes, dizendo que foi vítima.

Arguido de tentativa de homicídio em Fafe nega crime. "Só fui agredido"
Notícias ao Minuto

13:05 - 26/10/23 por Lusa

País Fafe

Na primeira sessão deste julgamento, o arguido, acusado de homicídio qualificado na forma tentada e de dois crimes de ofensas à integridade física qualificada, remeteu-se ao silêncio, mas a procuradora do Ministério Público (MP) requereu a reprodução em audiência das declarações proferidas aquando do primeiro interrogatório judicial, após a detenção.

Nessas declarações, o homem, de 37 anos e de nacionalidade brasileira, contou que, no momento em que abandonou a discoteca viu uma "confusão" e "mulheres brigando na rua", quando, disse, "levou um soco" e começou a sangrar de um olho, sem perceber o motivo.

O arguido, que está em prisão preventiva, relatou que viu a vítima a ser agredida com socos e "joelhadas na cabeça" por vários elementos, nomeadamente pelo "amigo" e também arguido, que fugiu para o Brasil assim como uma terceira arguida deste processo.

"Eu só apanhei. Só fui agredido e não agredi ninguém", declarou à juíza de instrução criminal, no primeiro interrogatório judicial.

O arguido disse ainda que, após o episódio de violência, ocorrido na madrugada de 22 de maio (domingo) de 2022, nunca mais falou com o amigo e também arguido, acrescentando que no dia seguinte (segunda-feira) foi para os Países Baixos, onde "já tinha trabalho", negando a tese do MP de que se pôs em fuga.

O homem foi entretanto detido este ano em Lisboa, cidade para onde foi trabalhar e onde tinha namorada, assumindo nas suas declarações surpresa pela detenção, pois assumiu desconhecer que era procurado pelas autoridades.

Inicialmente, o processo contava com seis arguidos, cinco homens e uma mulher, com idades entre os 20 e os 37 anos, todos de nacionalidade brasileira, mas no início do primeiro julgamento, o Tribunal de Guimarães separou os três arguidos que começaram hoje a ser julgados.

Neste segundo julgamento, dois dos três arguidos -- um homem e uma mulher - encontram-se atualmente no Brasil, indicou hoje a juíza presidente.

Em 13 de outubro, na leitura do acórdão do primeiro julgamento, o Tribunal de Guimarães condenou a sete anos e meio e a oito anos e sete meses de prisão dois dos acusados de agredirem com "violência bárbara" um jovem junto a uma discoteca em Fafe, em 29 de maio de 2022.

A presidente do coletivo de juízes falou em criminalidade muito grave, em violência bárbara, insensível e cruel, de atrocidade brutal, com alarme e repudio sociais enormes, classificando "o modo de execução de absolutamente atroz e bárbaro".

"Há dois grupos, há alguma coisa que se passou dentro da discoteca, há algo que espoletou o que se passou lá fora e que foi desproporcional e de uma violência bárbara. As imagens falam por si. É de uma violência, de uma atrocidade brutal. Há um desvalor pela vida", frisou então a juíza presidente, Marlene Rodrigues.

A um dos arguidos, o Tribunal de Guimarães aplicou ainda a pena acessória de expulsão do país e absolveu um terceiro arguido.

O Ministério Público (MP) sustenta na acusação que "em consequência direta e necessária da conduta" de cinco dos arguidos, o jovem "sofreu um traumatismo cranioencefálico e um traumatismo maxilofacial, ambos graves, tendo sido submetido a cirurgia de urgência, na especialidade de neurocirurgia, e colocado em situação de coma induzido".

A vítima esteve mais de quatro meses para recuperar das lesões, mas ficou com sequelas como uma "cicatriz permanente".

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