Concorrência alerta para riscos no acesso a modelos de IA generativa
A Autoridade da Concorrência (AdC) publicou hoje um 'short paper' sobre o acesso a modelos de Inteligência Artificial (IA), no qual alerta para riscos concorrenciais, depois de em setembro ter publicado outro sobre o acesso e uso de dados.
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"Os modelos de IA generativa utilizados por consumidores e empresas -- conhecidos como modelos especializados -- são desenvolvidos a partir de modelos de IA mais abrangentes, chamados modelos-base, que são adaptados para tarefas específicas", pelo que "o acesso a modelos-base é, assim, essencial para criar modelos especializados", refere a AdC, no documento.
A concorrência e a inovação nos modelos especializados "dependem diretamente do nível de abertura dos modelos-base" e "este nível varia: alguns modelos são mais fechados, enquanto outros são mais abertos", explana o regulador.
Na maior parte, "o acesso aos modelos-base é condicionado e feito através de interfaces 'web' ou API, permitindo acesso apenas a algumas funcionalidades do modelo", sendo que "a decisão sobre o grau de abertura é uma estratégia dos fornecedores destes modelos-base".
A Concorrência refere que os modelos-base "proporcionam maior escolha e flexibilidade aos fornecedores de IA em fases posteriores da cadeia, promovendo ecossistemas de desenvolvimento de IA abertos".
Ora, "esta abertura é essencial para estimular a concorrência e a inovação em mercados de IA generativa, uma vez que mais fornecedores podem adaptar os modelos para aplicações específicas e criar novos produtos".
Contudo, "ecossistemas abertos podem também aumentar a concentração devido aos efeitos de rede", salienta.
Desta forma, "o facto de um modelo de IA ser aberto ou 'open source' não exclui potenciais práticas anticoncorrenciais, tanto fornecedores de modelos-base, como de serviços de 'cloud', podem ter incentivos para limitar a capacidade de fornecedores a jusante para concorrerem", prossegue.
A isto soma-se que "modelos de IA mais abertos podem ser utilizados em estratégias de 'lock-in', em que os modelos são inicialmente acessíveis, mas versões futuras tornam-se fechadas", sendo que estas estratégias "podem também servir para conquistar poder de mercado e alavancá-lo em mercados adjacentes".
Perante as oportunidades que a IA generativa apresenta, a Concorrência considera que "é fundamental que o setor se desenvolva de forma concorrencial, beneficiando os consumidores".
Nesse sentido, "a política de concorrência desempenha um papel essencial para tornar os mercados mais acessíveis e evitar que estrangulamentos levem à concentração de poder de mercado", conclui.
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