Governo francês cai após moção de censura (1.ª vez em 62 anos). Como?
Ao longo da Quinta República em França, apenas uma moção de censura foi bem sucedida, em 1962.
Lusa | 20:05 - 04/12/2024© Nathan Laine/Bloomberg via Getty Images
Mundo França
O governo francês foi derrubado, esta quarta-feira, depois de uma das moções de censura ser aprovada, com 331 votos a favor.
Esta foi a primeira vez que um executivo francês caiu desde 1962, e a queda mais rápida desde a adoção da Constituição francesa, em 1958.
Michel Barnier tomou posse como primeiro-ministro de França a 5 de setembro, tendo estado menos de 100 dias no cargo.
O presidente, Emmanuel Macron, já se encontra em França, depois de uma viagem à Arábia Saudita. Segundo pela publicação France24, o presidente vai falar ao país na quinta-feira, às 20 horas locais (19 horas em Lisboa).
Note-se que esta moção da esquerda teve 'luz verde' com o apoio da extrema-direita. Eram precisos 288 votos para derrubar o governo, tendo esta moção tido mais 43 do que os que eram necessários.
Ao serem conhecidos os resultados, Mathilde Panot, líder parlamentar da França Insubmissa disse que era agora "altura de Emmanuel Macron ir embora".
Na Assembleia Nacional, a líder parlamentar disse que hoje "foi defendida a democracia". Com a palavra "caos", utilizada pela ala de Macron para uma eventualidade destas, Panot foi assertiva: "Não somos nós que somos o caos. [O caos] É Emmanuel Macron por sete anos".
Citada pelo Le Parisien, a líder de extrema-direita Marine Le Pen apontou, depois desta votação, que "a pressão sobre o presidente Emmanuel Macron vai ser incrivelmente grande".
Ao canal TF1, Le Pen referiu que queria que o próximo primeiro-ministro "trabalhasse em condições". "Vamos co-construir, com todas as forças presentes na Assembleia Nacional, um orçamento que seja aceitável para todos", afirmou.
Michel Barnier terá agora que apresentar a sua resignação ao presidente francês, Emmanuel Macron, que terá de nomear um novo chefe de governo, já que está impossibilitado de convocar novas eleições legislativas.
As duas moções foram apresentadas depois de o primeiro-ministro ter acionado o n.º 3 do artigo 49.º da Constituição, que permite que a legislação sobre o orçamento da Segurança Social seja aprovada sem votação.
O colapso do Governo torna "tudo mais difícil e mais grave", insistiu Michel Barnier, numa altura em que os sinais são já, na sua opinião, vermelhos em termos orçamentais, financeiros, económicos e sociais.
Após a censura do governo, a esquerda, o centro e a direita podem não conseguir chegar a acordo sobre uma nova coligação governamental.
[Notícia atualizada às 19h58]
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