'Bownd' leva espectadores ao palco para testar "capacidade de dizer não"
O Cineteatro António Lamoso, em Santa Maria da Feira, acolhe sábado a estreia do espetáculo 'Bownd', em que o público partilhará o palco com duas bailarinas apostadas em testar "a capacidade de dizer 'não'".
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Cultura Feira
Dirigida e protagonizada por Catarina Campos e Melissa Sousa, a performance tem coprodução do Imaginarius Centro de Criação, que começou por ceder às duas bailarinas e coreógrafas independentes o espaço de que necessitavam para ensaios e depois acabou por apoiar o seu conceito de uma "experiência em palco" envolvendo movimento, voz e percussão corporal.
"Começámos a explorar esta ideia por influência do livro 'Boundaries', de Henry Cloud e John Towsend, que me fez pensar em como é difícil saber dizer 'não' e impor limites aos nossos relacionamentos, sejam eles de amor, amizade, profissionais ou de qualquer outro género", revela Catarina Campos à Lusa.
O título da publicação revela-se, aliás, na designação deste novo espetáculo de dança urbana: cruza o termo inglês "boundaries", traduzível como "limites", e a palavra "own", que se refere a "de si próprio".
Acompanhado por música de Nelson Teunis, bailarino holandês radicado em Portugal, 'Bownd' apresenta-se assim como uma reflexão sobre identidade, disponibilidade, autoafirmação e, no fundo, "todo um processo de desenvolvimento pessoal".
Catarina Campos e Melissa Sousa vão, por isso, abordar "três atmosferas distintas" relacionadas com barreiras de relacionamento e assertividade pessoal: o excesso de limites, "quando uma pessoa quer tanto proteger-se que se torna inflexível"; o excesso de anuência, "quando alguém diz 'sim' a tudo e não consegue dar resposta às solicitações porque se comprometeu com algo irrealista"; e o balanço entre uma atitude e a outra, que é "o equilíbrio desejável".
No espírito dessa mesma abordagem, o projeto subjacente a 'Bownd' envolve duas outras iniciativas apostadas em fomentar a discussão sobre os limites que se colocam à autodeterminação do indivíduo no seu relacionamento com o outro.
A primeira já decorreu, consistindo numa oficina de percussão corporal e movimento que, aberta ao público em geral, contou com a participação de 20 bailarinos, atores e músicos, e lhes permitiu expressar conceitos como "limite" e "medo" através de fragmentos coreográficos e improvisação.
A segunda proposta a complementar o projeto irá decorrer no sábado à noite, logo após o final do espetáculo, altura em que Catarina Campos e Melissa Sousa estarão disponíveis para conversar com os espectadores sobre o que seguiram em palco.
O diálogo será moderado pela também bailarina Lúcia Afonso e a expectativa de Catarina Campos é que nessa conversa possa desconstruir com o público o processo criativo que partilhou com Melissa Sousa, descobrindo até "novas perspetivas sobre esta questão dos limites pessoais e da capacidade para se dizer 'sim' ou 'não' sem contrariar a própria vontade".
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