Atores e argumentistas protestam contra "ganância corporativa"
Atores e argumentistas norte-americanos, em greve pela melhoria das suas condições de trabalho, protestaram hoje contra a "ganância corporativa" dos produtores de Hollywood, durante uma sessão legislativa do Estado de Nova Iorque.
© Getty
Cultura Hollywood
Durante a sessão legislativa, que contou com a presença de dirigentes e representantes dos sindicatos Screen Actors Guild (SAG-AFTRA) e Screenwriters Guild (WGA), foi manifestado o apoio simbólico ao protesto.
A greve dos argumentistas dura desde maio e a dos atores teve início em meados de julho, tendo avançado depois de nenhum destes sindicatos ter conseguido renovar os seus acordos coletivos com a Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP), que representa os estúdios da Netflix, Amazon, Apple, Disney, Warner Bros., Discovery, NBC Universal, Paramount e Sony.
Nova Iorque, uma das capitais mundiais do cinema e da televisão, está a sofrer com esta paralisação, já que o setor movimenta cerca de 81 mil milhões de dólares (cerca de 73,7 mil milhões de euros), segundo um estudo de 2021.
No entanto, a maioria dos 185.000 empregos que gera são de rendimentos muito baixos.
Quase uma dúzia de trabalhadores de ambos os sindicatos testemunharam sobre a precariedade que enfrentam num setor lucrativo com receitas multimilionárias e que se revolucionou na última década devido ao 'streaming' de conteúdo e à inteligência artificial generativa, mudanças que consideram ameaças.
Os protestos foram liderados pela atriz Fran Drescher, presidente nacional da SAG-AFTRA, que liderou uma manifestação e que durante a sessão legislativa lamentou que o 'show business' [indústria do entretenimento, em português], tão "idealizado" na história do cinema, se tenha tornado um "negócio sem alma, de ganância e falta de respeito pelo artista", apontando o dedo à AMPTP.
"A cultura corporativa maníaca de ganância da AMPTP deve terminar. Os benefícios da indústria e o direito dos trabalhadores não precisam de ser mutuamente exclusivos, mas podem andar de mãos dadas enquanto definimos o novo significado de sucesso", frisou Drescher.
Sobre os argumentistas, Erica Sala, que escreve para televisão, com um rosto cansado após 91 dias de greve, contou como as mudanças no setor tornam cada vez mais difícil "levar uma vida de classe média", principalmente quando os estúdios "encontram maneiras de pagar menos".
"Estamos a lutar por melhores salários, mas também pela própria sobrevivência da nossa indústria", alertou Erica Sala, que atacou o CEO da Warner Bros, David Zaslav, e outros grandes produtores que não levam as exigências dos argumentistas "a sério".
O auditor financeiro do Estado de Nova Iorque, Thomas DiNapoli, enviou cartas aos produtores de Hollywood, incluindo Apple, Amazon, Netflix e Warner Bros., encorajando-os a chegar a acordo com os sindicatos, alertando para os riscos destas empresas e, por isso, para a economia local.
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