Realizadores questionam o que é ser lisboeta num filme participativo
Um grupo de realizadores criou o filme 'Cidade', que aborda a realidade social na área da grande Lisboa, e que se estreia hoje, na Fundação Calouste Gulbenkian, no âmbito do programa PARTIS (Práticas Artísticas para Inclusão Social).
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Cultura Inclusão
Deste programa de inclusão social resultaram vários espetáculos de música, teatro, fotografia, cinema e artes circenses que vão ser apresentados entre hoje e domingo, na Gulbenkian.
Contactado pela agência Lusa, Pedro Pinho, um dos realizadores do filme produzido pela Terratreme, indicou que "Cidade" acabou por ser o resultado da junção de três narrativas criadas pelos cineastas que entraram no projeto: Leonor Noivo, Filipa Reis e João Miller Guerra.
A narrativa criada por João Salaviza, "Altas Cidades de Ossadas", também no âmbito deste projeto, acabou por tornar-se independente, e foi selecionada para a competição do 67.º festival de cinema de Berlim, que decorre em fevereiro.
Pedro Pinho contou à Lusa que o projeto inicial foi criar uma minissérie de televisão ancorada na diversidade cultural da grande Lisboa, com quatro episódios-piloto, começando por criar oficinas de formação teatral e escrita criativa, abertas à população, que variou entre jovens de 17 anos até aos 60.
O projeto decorreu entre 2014 e 2016, através de parcerias com câmaras e associações locais de bairros de Lisboa, e a partir desse material foram sendo construídas histórias para a minissérie.
"Cada realizador conectou-se com uma realidade específica e desenvolveu a sua linha narrativa. Começámos por ter episódios separados e a dada altura o filme de João Salaviza foi selecionado para o festival de Berlim e tornou-se independente", indicou Pedro Pinho.
O realizador disse ainda que este projeto apoiado pela Gulbenkian é o desenvolvimento de um outro, do qual resultou, em 2013, o filme "Um fim do mundo", que realizou sobre o bairro da Bela Vista, em Setúbal, e que também esteve, na altura, em competição no festival de Berlim.
"O objetivo é desenvolver histórias de uma forma participativa e dar espaço às pessoas da comunidade local para pensarem como querem ser vistas", comentou, sobre a exploração da ideia de autorrepresentação.
Para os realizadores "é uma possibilidade de pensar o que é ser lisboeta e o que é a cidade, como se constrói um imaginário alternativo ao que existe", acrescentou.
A mostra Isto é PARTIS, com entrada gratuita, na Gulbenkian, tem por objetivo revelar ao público como a arte pode transformar a vida de reclusos, jovens em risco, pessoas isoladas ou com deficiência, e refugiados.
Ao longo de quatro dias, os projetos apoiados pela Gulbenkian vão mostrar o resultado do seu trabalho, com espetáculos em várias áreas artísticas, entre eles "A Voz e o Gesto", pelo projeto Mãos que Cantam, promovido pela Associação Histórias para Pensar.
Trata-se de um coro de homens e mulheres com surdez que será acompanhado em palco por elementos do Coro e da Orquestra Gulbenkian.
Também será apresentada a peça 'Fragmentos', pelo Grupo RefugiActo/Refúgio e Teatro, sobre a origem e o destino de quem passa uma fronteira e se torna refugiado.
O programa PARTIS apoiado pela Gulbenkian selecionou 17 projetos no final de 2013 para intervenção social, entre os quais se incluiu a Ópera na Prisão, realizada por reclusos e apresentado no ano passado.
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