Ilkay Gundogan publicou, esta segunda-feira, uma extensa carta aberta no portal The Players' Tribune, na qual recordou alguns dos momentos mais marcantes da carreira, entre eles um que deixou Jurgen Klopp "furioso. Tipo, mesmo furioso".

O internacional alemão, que atualmente representa o Manchester City, realizava a "segunda época no Borussia Dortmund", quando violou uma simples "regra": "Se nos sentíssemos mal antes de uma sessão de treinos, tínhamos que reportar ao médico da equipa. Assim, evitávamos lesões, e o Jurgen sabia que podias não estar apto para treinar".

"Uma manhã, acordei e senti uma dor na coxa. Tinha um problema muscular ou estava apenas cansado? Não conseguia dizer. Provavelmente, devia ter enviado uma mensagem ao médico. Mas pensei 'Provavelmente, vai correr tudo bem'. Como sempre, cheguei ao centro de treinos uma hora antes de a sessão começar. E, pelo sim pelo não, pedi ao médico para dar uma vista de olhos à minha coxa", escreveu.

"Ele disse 'O músculo parece um pouco tenso. Por que é que não nos mandaste uma mensagem?'. Eu disse 'Não se preocupe, consigo treinar. Não é problema'. Ele disse 'Tenho que informar o treinador. Não podemos correr riscos'. Esperei alguns minutos, e o Jurgen entrou. E não estava satisfeito. Ele disse 'O que se passa?'. Eu disse 'Só sinto uma dor na coxa, mas está tudo bem. Consigo treinar'. Ele disse 'Por que é que não nos mandaste mensagem? Tu sabes da regra'. Eu disse 'Sim, mas estou bem, a sério'", prosseguiu.

"Tentei encontrar maneira de escapar àquilo, apesar de saber que estava errado. O Jurgen continuou a dizer que não podíamos correr riscos. Eu continuei a dizer que podia treinar. E, depois, ele passou-se. Sabem quando ele fica com aqueles olhos intensos e range os dentes? Deu-me aquele olhar e gritou 'Faz o que quiseres, cara***!'. Depois, bateu com a porta. Eu também estaca furioso! Normalmente, sou simpático e calmo, mas aquela discussão deixou-me a ferver", completou.

No entanto, a dupla não tardou a fazer as pazes: "Meia hora depois, calcei as chuteiras e entrei no relvado. O Jurgen veio ter comigo. Esperava um sermão, mas ele pôs o braço à minha volta. Disse 'Meu amigo, sabes por que estava tão chateado?' Eu não disse nada... Ele disse 'Só me preocupo contigo. E não quero que te lesiones'. Depois, deu-me um grande abraço".

"Fiquei chocado. Tivemos aquela discussão, e agora ele vinha ter comigo a falar como um pai fala com o filho. Isso demonstrou-me o tipo de pessoa que ele é: muito emocional, claro, mas também muito aberto e honesto. Naquele dia, o Jurgen ensinou-me uma lição: tenta sempre ser honesto. Tanto contigo como com os outros", rematou.

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