Portugal conseguiu, na última quinta-feira, um dos grandes objetivos que tinha traçado para os compromissos internacionais agendados para o mês de março. Derrotada a Turquia, a seleção nacional está na final do playoff e com um pé no Mundial'2022. O momento é de animação, mas há que ter mais atenção da próxima vez.

Quem avisa é Fernando Meira, antigo internacional português. Em conversa com o Desporto ao Minuto, o ex-jogador considerou positiva a exibição da equipa das quinas frente à Turquia, mas reconheceu que o resultado ficou em causa quando os jogadores relaxaram, tendo recuperado apenas quando Fernando Santos foi ao banco buscar soluções.

"A seleção relaxou um pouco com o 2-0, o jogo estava claramente à mercê de Portugal, com mais posse de bola, mais confiança, e a Turquia sem conseguir criar perigo. É quando Portugal relaxa que há o golo de Burak Yilmaz e a seleção turca reaparece no jogo. De facto, trememos no golo numa bela jogada e ainda naquela infelicidade de José Fonte, com o penálti. Portugal acaba por ser feliz pela forma como Burak Yilmaz não converte a grande penalidade que dava a oportunidade à Turquia de empatar e relançar o jogo. Depois, apareceu a mais valia que Portugal tem, que é ter jogadores fantásticos, não só no onze, como no banco de suplentes. As entradas deram uma vivacidade enorme ao jogo, deram mais qualidade e velocidade à equipa", começou por dizer.

[Fernando Meira jogou 54 vezes por Portugal, uma delas frente à Macedónia do Norte]© Getty Images  

Centro da defesa é de estranhar

No lance do golo turco, ficaram mal na fotografia José Fonte e Danilo Pereira, dupla de centrais que ficou a medir culpas desse lance. No final do jogo, o jogador do Paris Saint-Germain falou de falta de hábitos com o colega de setor, mas Fernando Meira admitiu que, em alternativa, não colocaria Tiago Djaló como titular. O antigo internacional por 54 vezes falou, ainda, num problema de Fernando Santos e na ausência de Gonçalo Inácio.

"Acho que Fernando Santos ou outro selecionador qualquer na sua posição vai ter sempre o problema da contestação. Primeiro, porque somos um público apaixonado, segundo, porque a seleção portuguesa tem muitas opções para integrar a convocatória e o onze inicial, e, logicamente, nunca iremos estar sempre de acordo. Falando da questão dos centrais, Gonçalo Inácio, que tem vindo a crescer, acabou por ficar de fora numa das posições onde Portugal está, ao dia de hoje, carenciado. Não podendo contar com Rúben Dias e Pepe, o mais lógico seria Inácio ter ficado no banco, mas o selecionador é que tem a tarefa de escolher e saber o melhor para a seleção nacional, e nós, como amantes do nosso país e da nossa seleção, temos de apoiar a sua decisão. O que ele esperava era que Danilo lhe desse um pouco mais de experiência àquele setor. Tiago Djaló tem jogado no Lille mais como defesa esquerdo, não se tratando da mesma posição. Fernando Santos sabe bem que tem de haver uma renovação nos centrais, sem dúvida que Tiago Djaló e Gonçalo Inácio podem ser opção para essa posição, mas é preciso dar tempo ao tempo", afirmou.

[Danilo Pereira jogou na defesa ao lado de José Fonte, no lugar de Pepe]© Getty Images  

Uma surpresa agradável

Quem mereceu os louros pela exibição que fez foi Otávio que, na opinião de Fernando Meira, ganhou créditos na noite de quinta-feira.

"Não era muito a favor da inclusão de Otávio no onze inicial, e o que é certo é que ele acabou por fazer um grande jogo, foi um dos homens decisivos. Neste jogo, disse 'presente' no que toca a ser mais vezes opção", considerou.

[Otávio foi destaque frente à Turquia com um golo e uma assistência]© Getty Images  

Já o adversário, que não esteve assim tão longe de estragar a noite à equipa portuguesa, ficou, na opinião de Fernando Meira, aquém do esperado.

"Não esperava uma Turquia com três centrais porque muita da sua força é no futebol ofensivo, nos alas, e abdicaram um pouco dessa mais valia que têm e só apareceram no jogo quando juntaram dois avançados", justificou.

Final? É para 'esmagar'

Terça-feira é dia de Portugal-Macedónia do Norte, um adversário pouco convencional para a seleção portuguesa. Ambas as equipas defrontaram-se apenas duas vezes, tendo Fernando Meira sido titular no primeiro desses jogos, em 2003, num amigável que terminou com vitória lusa. De lá para cá, muito mudou para melhor, na opinião do mesmo, tanto numa como noutra equipa.

"São duas equipas completamente diferentes. Hoje em dia, qualquer seleção tem bons jogadores a jogar em bons campeonatos, jogadores com mais experiência, e isso aporta maior qualidade a uma seleção nacional. Portugal está mais forte, tem vindo a evoluir bastante, a ganhar opções para a convocatória. Não é fácil fazer uma convocatória neste momento, apesar de achar que temos uma limitação no eixo defensivo. A Macedónia do Norte é uma equipa mais experimentada, com jogadores a jogar em melhores campeonatos, e isso dará uma experiência internacional, que, para uma seleção, é fundamental. Portugal tem de ser confiante, dominante e tentar esmagar a Macedónia do Norte desde o minuto um", sugeriu.

[A Macedónia do Norte eliminou a Itália e vai jogar contra Portugal na final do playoff]© Getty Images  

A seleção macedónia era um adversário pouco previsível, já que a favorita da eliminatória era a Itália. Porventura, diz Fernando Meira que se trata de uma fase a eliminar e tudo é possível, portanto, Portugal tem de se preparar.

"Nem os adeptos mais otimistas da Macedónia do Norte esperavam vencer a Itália, a atual campeã da Europa, uma grande seleção, independentemente de ter uma ou outra baixa. Era uma equipa muito superior, a jogar em casa, ou seja, um jogo de 95-5 de probabilidades, mas os jogos a eliminar são assim mesmo. Portugal estará precavido, a Macedónia do Norte vai ser um adversário difícil porque vem ao Dragão sem nada a perder, vem de uma exibição muito positiva a nível defensivo e coletivo e certamente vai voltar a defender num bloco muito baixo, à procura do contra-ataque e de uma bola parada. Portugal terá de ser uma equipa equilibrada a atacar, tentar suster o adversário e entrar como entrou contra a Turquia, muito agressivo e pressionante. Se assim for, com o apoio dos adeptos, não duvido que Portugal poderá vencer a Macedónia do Norte por números bem esclarecedores", acredita.

Portugal está mais próximo de marcar presença no Mundial'2022. Antes de comprar bilhetes de avião e reservar quartos de hotel, a seleção das quinas precisa de ultrapassar a Macedónia do Norte num Estádio do Dragão que se adivinha lotado.

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