Portugal não pode continuar com crescimento potencial "anémico"
O governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, avisou hoje que Portugal não pode continuar com um "crescimento potencial anémico", insistindo que o que separa o país das restantes economias são as diferenças de produtividade.
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Economia Governador
"O que separa a economia portuguesa das economias com melhor desempenho em termos de produto 'per capita' são as diferenças de produtividade, e não o número de horas trabalhadas", disse o responsável durante a abertura da 9ª. Conferência do Banco de Portugal (BdP) sobre o desenvolvimento económico português no espaço europeu.
"Não podemos continuar com um crescimento potencial anémico. O país depende do crescimento potencial", sublinhou o governador do BdP, referindo que este terá como resultado défices elevados, por um lado, e emigração, por outro lado.
Durante o discurso, Carlos Costa falou sobre a importância de refletir sobre as necessidades da economia portuguesa, sobretudo, "em tempos de crescimento económico", sendo a discussão "ainda mais premente" quanto se observam "sinais de abrandamento".
Ainda assim, o governador do BdP acredita que independente das oscilações cíclicas, só um crescimento "robusto" poderá fazer a economia portuguesa convergir e, por isso mesmo, a solução para um crescimento sustentável do Produto Interno Bruto (PIB) 'per capita' português deve centrar-se no acionamento das "alavancas que possam exponenciar a produtividade dos trabalhadores".
Entre as "alavancas" citadas por Carlos Costa estão o reforço das competências, os níveis de capital por trabalhador, a inovação, através da promoção de uma cultura de mérito e empreendedorismo, o "aprender a superar as iniciativas fracassadas" e a adequação do sistema financeiro às necessidades de financiamento das empresas.
A difusão do conhecimento e a necessidade de as empresas serem capazes de dialogar com detentores do conhecimento foram igualmente referidas por Carlos Costa, assim como a necessidade de melhorar a atratividade do ambiente de negócios e a simplicidade e estabilidade do sistema fiscal, entre outros.
"Para que a combinação de capital e trabalho resultem em produção, necessitamos de empreendedores, de organizações e de modelos de gestão, que tenham em conta a realidade social, cultural, institucional e ainda o estádio de desenvolvimento tecnológico dos países", disse.
O governador lembrou, a propósito, que na mais recente edição do Global Competitiveness Index, publicado pelo World Economic Forum, Portugal fica atrás de 15 economias da União Europeia.
"Na lista de indicadores em que obtemos pior classificação, contam-se alguns relacionados com a qualidade dos modelos de gestão, nomeadamente a atitude para com o risco, posição 80 em 140 economias, a predisposição para delegar autoridade, posição 70 em 140, e a integração de ideias disruptivas, posição 46 em 140. Importa, por isso, perceber de que forma podem os nossos modelos de gestão evoluir para tornar a nossa economia mais produtiva", disse.
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