Setor do crédito "está estável". "A crise foi ensinando lições"
A Associação de Instituições de Crédito Especializado (ASFAC) garantiu hoje que o setor está estável, após as "lições aprendidas na crise financeira", rejeitando que haja "facilitismo" no acesso a empréstimos ao consumo e à habitação.
© Getty Images
Economia ASFAC
"Se há momento no país em que há certeza sobre a sustentabilidade do crescimento do crédito, parece-nos ser este o momento", declarou a secretária-geral da ASFAC, Susana Albuquerque.
A responsável, que falava na comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, foi chamada ao parlamento para falar sobre a evolução do endividamento das famílias, com deputados de diferentes bancadas a manifestarem preocupação sobre o crescimento deste indicador.
"Apesar da recuperação, os valores estão muito abaixo dos que se registavam antes da crise", ressalvou a responsável, indicando que, no crédito ao consumo, os valores registados este ano são menos de metade dos de 2008.
Falando sobre o incumprimento no pagamento dos créditos contraídos, Susana Albuquerque notou que este "tem vindo a diminuir de forma sustentada" nos últimos cinco anos, assistindo-se, desde logo, a uma queda de 28% no que toca ao crédito ao consumo.
"É um sinal das lições aprendidas na crise financeira, por parte das instituições de crédito e dos consumidores", observou.
Além disso, "temos hoje em dia um enquadramento regulatório que é completamente diferente do que tínhamos pré-crise", notou, salientando que "isso contribui para a sustentabilidade do crescimento do crédito".
Apesar de admitir que "tem de haver muito mais informação na concessão de crédito", Susana Albuquerque sublinhou a necessidade de distinguir "a facilidade de acesso com facilitismo".
"Não podemos confundir campanhas massivas e entusiastas de 'marketing' com facilitismo", insistiu, ressalvando que as instituições de crédito são "muito inspecionadas pelo Banco de Portugal [BdP]" e que este regulador estipulou uma taxa de esforço máxima até 50% do rendimento.
A ASFAC é composta por 32 entidades associadas, 29 instituições de crédito especializadas no financiamento do consumo e três outras empresas, representando 30% a 40% do setor de financiamento especializado de consumo.
Aludindo à regulação do setor, Susana Albuquerque falou num "nível intenso de supervisão".
"A crise foi ensinando lições", observou a responsável, considerando que este setor é "tão ou mais regulado do que o dos medicamentos", outro dos mais monitorizados.
Segundo dados hoje revelados pela secretária-geral da associação, o crédito à habitação representa 78% do total de endividamento, enquanto o crédito ao consumo equivale ao restante.
"Isso deve-se a um fator muito importante, que é a ausência de um verdadeiro mercado de arrendamento competitivo", notou Susana Albuquerque, indicando que "continua a ser, no dia de hoje, mais barato contrair um empréstimo à habitação do que arrendar".
Após vários alertas sobre o risco do sobre-endividamento das famílias, o BdP lançou em julho novas regras que criam restrições à concessão de novos créditos à habitação e ao consumo, estabelecendo que as famílias apenas podem gastar metade do seu rendimento com empréstimos bancários.
Já esta semana, na terça-feira, o BdP divulgou que os bancos concederam 397 milhões de euros em novos créditos ao consumo em outubro deste ano, ascendendo o total desde janeiro a 3,882 mil milhões de euros, mais 14% do que em 2017.
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