"Espero um aumento significativo" da ajuda portuguesa ao desenvolvimento
O responsável da Organização para a Cooperação e desenvovimento Económico (OCDE) Jorge Moreira da Silva disse hoje à Lusa esperar "um aumento significativo" da ajuda pública ao desenvolvimento de Portugal nos próximos anos, após quebra de 59 milhões de euros.
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Economia Moreira da Silva
Portugal está entre os cinco países que mais reduziram a Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD) no ano passado face aos valores de 2017, segundo o relatório da OCDE sobre as contribuições dos seus países em 2018, hoje apresentado. Os restantes países são o Japão, a Grécia, a Finlândia e a Itália.
O país reduziu no ano passado 15,6% do seu contributo, o que se traduz numa queda de 59 milhões de euros.
O Governo português justificou este decréscimo com a redução dos empréstimos bilaterais e das contribuições para organizações multilateriais, que teriam sido excecionalmente altas em 2017, segundo revelou a OCDE em comunicado.
"Espero que, agora que a restrição financeira já não se coloca a Portugal, nos próximos anos possa haver um aumento significativo à ajuda pública ao desenvolvimento na medida em que Portugal aparece como um dos países da OCDE com doações mais baixas em relação ao seu PIB", afirmou Jorge Moreira da Silva, ministro do anterior Governo (PSD-CDS/PP) e diretor-geral de Desenvolvimento e Cooperação da OCDE, em declarações à agência Lusa.
A APD portuguesa foi, no ano passado, de 0,17% do PIB. Em 2011 - quando Portugal recebeu a intervenção da Troika - a ajuda pública de Portugal era 0,31%.
Globalmente, face a 2017, o auxílio prestado pelos Estados mais ricos aos mais pobres desceu 2,7%, acentuando a tendência "dececionante" dos últimos anos.
"Os números vêm confirmar que estamos muito longe do ritmo necessário para atingir os objetivos de financiamento ao desenvolvimento e acaba por ser uma evolução dececionante, em que há uma queda de 2,7%", disse Jorge Moreira da Silva.
O antigo governante considera ainda que as sociedades estão muito mais abertas ao apoio aos países mais pobres do que seria de imaginar, dando o exemplo de como a população em Portugal se está a organizar para ajudar Moçambique, depois da crise humanitária provocada pelo ciclone Idai, que atingiu a região centro do país a 14 de março.
"Parece-me que a opinião pública é muito mais favorável a uma política ambiciosa de cooperação para o desenvolvimento, como se tem visto com a generosidade a Moçambique, do que se poderia pensar. Portugal é um dos países que tem uma posição mais aberta em relação à ajuda pública ao desenvolvimento", concluiu.
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