"Não fomos capazes por nós próprios de pôr a casa em ordem"
O presidente do Montepio, António Tomás Correia, comenta esta segunda-feira, em entrevista ao Jornal de Negócios, o impacto que o novo chumbo do Tribunal Constitucional na economia portuguesa, considerando que esta decisão “tem um efeito marginal”. Tomás Correia diz ainda acreditar que “os agentes políticos estão a agir de forma a evitar um segundo resgate”, lamentando porém que não tenhamos “sido capazes, por nós próprios, de pôr a casa em ordem” tendo, para isso, de vir “alguém de fora ajudar-
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Economia Tomás Correia
“Haverá algum impacto, mas não pertenço ao grupo dos que diabolizam o Tribunal Constitucional”. É com esta afirmação que o presidente do Montepio, António Tomás Correia, comenta em entrevista ao Jornal de Negócios, publicada esta segunda-feira, o recente chumbo dos juízes do Palácio Ratton ao diploma sobre a convergência de pensões.
Na opinião de António Tomás Correia, “fizemos muito mal em diabolizar este órgão [de soberania]” até porque “isto tem consequências ao nível orçamental e da leitura que os mercados fazem”, referindo que “a leitura possível é a de que o TC tem uma agenda, não aprovada que conduza à redução de despesa, logo o País está a tornar-se ingovernável devido às decisões do TC”.
“Este quadro de discussão nunca deveria ter existido”, reforça o presidente do Montepio, acrescentando que “a decisão do TC tem um efeito marginal relativamente a tudo o que está em causa” e frisando que “se não fosse o quadro de discussão, os efeitos ao nível dos mercados praticamente não existiriam”.
Questionado pelo Jornal de Negócios, sobre se este novo chumbo poderá criar um clima de incerteza e desconfiança, António Tomás Correia responde categoricamente “não”, destacando que “os últimos indicadores sobre a perspectiva de evolução da economia portuguesa não deixaram de incorporar algum receio sobre os efeitos que o chumbo de algumas normas do Orçamento, e nomeadamente desta que estava em causa antes do OE, poderiam ter na economia. Ainda assim, as projecções que têm saído para a economia no próximo ano são mais positivas que as anteriores”, refere.
Quanto ao acordo alcançado entre Governo e PS sobre a reforma do IRC, o banqueiro considera que “estamos a assistir a uma inversão do caminho que se tem passado ao longo dos últimos anos, e não estou a falar apenas desta legislatura”.
António Tomás Correia afirmou ainda que não acredita “que os agentes políticos não ajam de forma a evitar um segundo resgate”, até porque, sustenta, “de resgastes temos que chegue com este que está em curso. Deixámo-nos arrastar para uma situação muito lamentável. Não fomos capazes, por nós próprios, de pôr a casa em ordem, e depois veio alguém de fora ajudar-nos a resolver os problemas pondo a casa em ordem”.
Pelo que agora, “estamos a resolver os problemas com a casa permanentemente em desordem. Tem de haver bom senso, capacidade de concertação no sentido de nos entendermos para evitar qualquer hipótese de segundo resgate”, sugere.
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