Lisboa, 26 jul 2023 (Lusa) -- A faturação da Century 21 diminuiu 9% no primeiro semestre para 41,5 milhões de euros, divulgou hoje a imobiliária que diz que há uma "enorme escassez" de casas com preços adequados ao poder de compra dos residentes em Portugal.

A Century 21 divulgou hoje que faturou 41,5 milhões de euros no primeiro semestre, menos 9% do que no mesmo semestre de 2022, e que o volume de negócios caiu 5% para 1.713 milhões de euros. A empresa não divulga resultados líquidos.

A imobiliária atribuiu estas quebras à subida das taxas de juro e, logo, à diminuição do valor dos imóveis que as pessoas podem adquirir.

Contudo, apesar da queda nestes indicadores em termos homólogos, já entre o primeiro e o segundo trimestre deste ano registou crescimentos. Do primeiro para o segundo trimestre, a faturação cresceu 12% para 21,9 milhões de euros e o volume de negócios mediado subiu 9% para os 891,7 mil euros.

Para a imobiliária, estes dados "indiciam um movimento de retoma no mercado imobiliário residencial, que continua a registar níveis bastante elevados de procura de soluções habitacionais".

Contudo, acrescentou, a elevada procura contrasta "com uma escassez de imóveis cada vez mais acentuada e uma oferta ainda mais desajustada da capacidade financeira dos portugueses".

No primeiro semestre, o valor médio dos imóveis transacionados subiu 10,7% para 203 mil euros e o valor médio no arrendamento subiu 13,6%.

"A enorme escassez de imóveis começa a criar efeitos paradoxais no mercado, como o aumento crescente do preço médio dos imóveis para níveis já incomportáveis para a maioria das famílias portuguesas", afirma, citado em comunicado, o diretor da Century 21 Portugal, Ricardo Sousa.

No segundo trimestre, os apartamentos disponibilizados em Lisboa através do Confidencial Imobiliário tinham o preço médio de 677,8 mil euros e no Porto de 447,2 mil euros.

Quanto a clientes internacionais, diz a Century 21 que, no primeiro semestre, o segmento internacional representou 15% das transações. No total, foram feitas 1.260 transações de clientes internacionais, menos 28% do que em termos homólogos.

Ainda assim, a procura de clientes internacionais mantém-se em alta e liderada pelos norte-americanos, que já representam quase 5% do total das transações realizadas, indicou.

Para a Century 21, a redução do número de transações internacionais deveu-se à noção de instabilidade legislativa relacionada com o pacote Mais Habitação e à falta de oferta de imóveis abaixo de 400 mil euros.

"Se houver uma maior clareza sobre os programas de atração e retenção de investimento internacional, Portugal ainda pode recuperar os níveis de atratividade até ao final do ano", afirmou o diretor da Century 21, acrescentando que Espanha tem surgido como alternativa para os clientes internacionais.

Quanto ao segmento de arrendamento, no primeiro semestre a Century 21 realizou 2.285 transações, menos 75 do que no mesmo período do ano passado, tendo os valores subido 13,6% para 1.127 euros a nível nacional. Só no concelho de Lisboa, a subida do valor médio foi de 15% para 1.463 euros.

Para o segundo semestre, a Century 21 diz que espera que, em resultado da subida das taxas de juro, haja uma diminuição do número de transações devido à "escassez de oferta de imóveis ajustados ao poder de compra dos portugueses" e agravamento das condições de financiamento para compra de habitação.

Estima ainda o aumento do tempo médio de venda dos imóveis e a estabilização dos preços dos imóveis a nível nacional. Ou seja, a Century 21 não espera uma diminuição de preços e em algumas zonas periféricas diz que é mesmo provável o aumento do valor das casas pela pressão da procura.

É ainda esperado que aumente a procura por arrendamento já que, sem conseguirem aceder a crédito à habitação, as famílias procurarão mais arrendar.

A Century 21 tem 219 lojas e 4.685 consultores imobiliários.

Leia Também: Lucros da Ryanair mais do que triplicam no 1.º trimestre do ano fiscal