Quase 70% dos novos contratos de crédito da casa têm taxa de juro mista
Os novos empréstimos à habitação com taxa de juro mista, fixa num período inicial e variável no período seguinte, representaram em outubro 64% do total contratualizado nesse mês, segundo dados divulgados hoje pelo Banco de Portugal (BdP).
© Lusa
Economia Crédito
Segundo as últimas estatísticas do banco central, o aumento que se tem vindo a observar no peso das novas operações a taxa mista tem-se refletido na alteração de composição do 'stock' de empréstimos para habitação própria permanente: entre janeiro e outubro de 2023, o peso do 'stock' de empréstimos a taxa mista quase duplicou, passando de 7,0% para 13,3% do total do crédito para habitação própria permanente.
Ainda assim, em outubro, os empréstimos a taxa variável continuavam a ser predominantes, representando 82,9% do total do crédito para habitação própria permanente.
Ao longo dos últimos meses, na sequência da subida das taxas de juro, os novos créditos à habitação com taxa de juro fixa ou mista têm vindo sucessivamente a aumentar, passando de um peso que historicamente rondava os 15% para bem mais de metade dos novos empréstimos contratados, refletindo sobretudo a subida dos contratos com taxa mista.
A taxa Euribor a 12 meses, atualmente a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável e que esteve acima de 4% entre 16 de junho e 28 de novembro, baixou hoje para 3,794, menos 0,108 pontos do que na sexta-feira, depois de ter subido em 29 de setembro para 4,228%, um novo máximo desde novembro de 2008.
Depois de ter recuado em agosto, a média da Euribor a 12 meses desceu em novembro pela segunda vez no atual ciclo de subidas.
Segundo dados do BdP referentes a setembro de 2023, a Euribor a 12 meses representava 38,1% do 'stock' de empréstimos para habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que a Euribor a seis e a três meses representava 35,7% e 23,4%, respetivamente.
No mesmo sentido, no prazo de seis meses, a taxa Euribor, que esteve acima de 4% entre 14 de setembro e 01 de dezembro, baixou hoje, para 3,945%, menos 0,059 pontos que na sessão anterior e contra o máximo desde novembro de 2008, de 4,143%, registado em 18 de outubro.
A descida da média da Euribor a seis meses em novembro foi a primeira mensal no atual ciclo de alta.
Em sentido contrário, a Euribor a três meses avançou hoje face à sessão anterior, ao ser fixada em 3,962%, mais 0,002 pontos, depois de ter subido em 19 de outubro para 4,002%, um novo máximo desde novembro de 2008.
As Euribor começaram a subir mais significativamente a partir de 04 de fevereiro de 2022, depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter admitido que poderia subir as taxas de juro diretoras devido ao aumento da inflação na zona euro e a tendência foi reforçada com o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022.
Na mais recente reunião de política monetária, em 26 de outubro, em Atenas, o BCE manteve as taxas de juro de referência pela primeira vez desde 21 de julho de 2022, após 10 subidas consecutivas.
A próxima reunião de política monetária do BCE, que será a última deste ano, realiza-se em 14 de dezembro.
As taxas Euribor a três, a seis e a 12 meses registaram mínimos de sempre, respetivamente, de -0,605% em 14 de dezembro de 2021, de -0,554% e de -0,518% em 20 de dezembro de 2021.
As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.
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