Bancos com cada vez mais restrições horárias à tesouraria presencial
Os bancos têm cada vez mais restrições horárias à tesouraria presencial, uma tendência que a Deco atribui ao corte de custos enquanto os bancos dizem que as necessidades dos clientes continuam cobertas desde logo pelo 'self-service'.
© Lusa
Economia Bancos
Segundo o economista da Deco Nuno Rico, as restrições nas agências bancárias ao horário da tesouraria ao balcão (para depósito e levantamento de notas e moedas) começou há vários anos e agravou-se desde 2020, com bancos a manterem várias medidas restritivas aplicadas durante a crise pandémica.
"O objetivo é claro, de redução de pessoal e de custos. Os bancos têm tido um movimento significativo de redução de trabalhadores e, ao limitarem os serviços de tesouraria a determinadas horas, reduzem pessoal", afirmou à Lusa Nuno Rico.
O economista acrescentou que, por um lado, a cada vez maior digitalização de serviços bancários também facilita a redução do horário de tesouraria presencial enquanto, por outro lado, a redução dos horários incentiva os clientes a movimentarem o dinheiro através de meios digitais ou recorrendo a máquinas.
O responsável da Deco considerou que esta redução tem impacto sobretudo na população mais idosa, em geral menos apta a usar a tecnologia, mas que também é problemática para pequenos comerciantes e empresários.
Um estudo da Deco do final de 2022, sobre como o fecho de agências bancárias leva a que muitas populações tenham de fazer grandes distâncias para ir ao banco, referia já que "é agora frequente os horários de atendimento serem mais reduzidos do que era habitual" e que passou a ser comum "as agências encerrarem durante a hora de almoço ou definirem horários (às vezes duas horas por dia) para os clientes acederem aos serviços de tesouraria".
A Lusa questionou os bancos sobre o tema, que consideraram que a redução do atendimento presencial de tesouraria não piorou o serviço prestado aos clientes pois têm sempre a alternativa das máquinas 'self-service'.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) disse que tem desde há alguns anos serviços diferenciados que dependem "do enquadramento de cada agência e do ajustamento dos horários às necessidades locais do serviço de tesouraria ao balcão".
Quanto ao serviço de tesouraria ao balcão, fonte oficial da CGD disse que 79% da rede tem horários diferenciados que são na sua maioria entre as 8:30 e as 12:30. Afirmou ainda a CGD que está a modernizar as suas agências e a "instalar equipamentos que permitem, complementarmente e a qualquer hora do dia, o depósito e o levantamento de notas e moedas de montantes superiores aos habituais, para além de outros serviços".
O BCP considerou que, devido ao equipamento de 'self-banking' (seja para clientes particulares seja para empresariais), as sucursais "não têm quaisquer restrições de horário para utilização de tesouraria". O BCP disse ainda que tem dois modelos de sucursais, o "'standard' com alternativa de tesouraria tradicional e 'self-assisted', nas quais o serviço de tesouraria é realizado exclusivamente no parque de 'self-banking' e, sempre que necessário, durante o horário de abertura, com apoio dos colaboradores".
Pelo BPI, fonte oficial disse que, atualmente, 68% dos balcões (184) têm horário diferenciado para o atendimento humano neste tipo de operações (em geral das 13:00 às 15:00) enquanto em 24% dos balcões (65) o serviço é assegurado por máquinas 'self-service'. Assim, diz o BPI, que em todos os balcões o serviço de tesouraria pode ser realizado 24 horas por dia através de máquinas 'self-service'.
O Novo Banco disse que a tesouraria presencial existe em todos os seus balcões. Metade das suas agências fazem atualmente horário diferenciado, das 08:30 às 12:00, em vez do tradicional horário dos bancos (das 08:30 às 15:00). Já durante o horário em que a sucursal está fechada, fonte oficial do Novo Banco afirmou que os clientes têm à sua disposição máquinas que permitem depósitos e levantamentos de moedas e dinheiro.
Quanto a reclamações de clientes sobre este tema, os bancos indicaram que não têm expressão.
O Santander Totta não respondeu à Lusa.
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