Prémio de risco de França supera o de Espanha pela 1.ª vez desde 2007
O prémio de risco de França superou hoje de manhã o de Espanha, pela primeira vez desde 2007, depois de o Governo francês ter reconhecido que o défice público pode ultrapassar 6% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano.
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Economia Juros
Às 11:00 em Lisboa, os juros da obrigação espanhola a 10 anos situavam-se em 2,943% no mercado secundário, enquanto a dívida francesa no mesmo prazo rendia 2,953%, segundo dados da Bloomberg.
O prémio de risco francês face à Alemanha (diferença dos juros das obrigações a 10 anos em relação aos das alemãs, consideradas as mais seguras) situava-se assim em 87,2 pontos base e o prémio de risco espanhol em 86,2 pontos base.
O novo ministro das Finanças francês, Laurent Saint-Martin, reconheceu na quarta-feira que o défice público francês poderá agravar-se e ultrapassar 6% do PIB este ano.
Esta situação foi atingida depois da tomada de posse do novo Governo francês e Saint-Martin considerou que o défice público poderá aumentar este ano para mais de 6% do PIB (contra 5,5% no ano passado).
Para o estratega sénior do Credit Mutuel, François Rimeu, citado pela Efe, o facto de o prémio de risco espanhol ser inferior ao da França em relação à Alemanha deve-se a vários fatores, como o maior crescimento da economia espanhola desde 2014.
Rimeu comentou num relatório que as previsões para a atividade económica em 2024, 2025 e 2026 são "melhores" para a Espanha do que para a França.
O responsável salientou ainda que, "embora o défice orçamental de Espanha tenha sido historicamente superior ao de França desde 2008, a tendência inverteu-se desde a pandemia".
Assim, indicou que "em 2023, o défice orçamental de Espanha deverá rondar 3,6% do PIB, enquanto em França deverá ser de 5,5% do PIB, embora este último seja suscetível de ser revisto em alta".
O perito do Credit Mutuel conclui que "o rácio dívida/PIB é mais favorável em Espanha do que em França, com um possível regresso a valores inferiores a 100% para Espanha em 2027, o que é pouco provável para França".
Rimeu considera ainda outro fator que favorece a evolução da dívida espanhola no mercado secundário, salientando que "o clima político é atualmente mais estável em Espanha do que em França. Há pouca visibilidade quanto à duração potencial do atual Governo francês, com o espetro de novas eleições legislativas no próximo verão".
Todas estas razões "levam-nos a manter uma grande prudência em relação à dívida francesa e a preferir a dívida espanhola nos próximos meses", afirmou Rimeu.
Esta semana assistiu-se a um agravamento da atividade no setor dos serviços francês este mês e no mercado de trabalho em agosto. Houve também leilões de dívida com uma ligeira descida dos juros pagos pelo Tesouro francês aos investidores, que no caso dos títulos a um ano se situaram em 2,789% (contra 2,823% no leilão anterior).
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