Lagarde vê economia mais débil na zona euro, mas afasta recessão
A presidente do BCE, Christine Lagarde, afirmou hoje que a decisão de cortar as taxas de juro foi "unânime" no banco central, com o desempenho económico na zona euro mais débil do que o esperado, mas afastou uma recessão.
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Economia Taxas de juro
"A informação que nos chegou sugere que a atividade económica foi mais débil do que o esperado", disse a líder do Banco Central Europeu (BCE) em conferência de imprensa, após ter sido anunciado um novo corte de 25 pontos base na reunião realizada em Ljubljana, na Eslovénia.
Este foi o terceiro corte das taxas de juro deste ano e o segundo consecutivo, após uma primeira descida em junho e uma segunda em setembro.
Lagarde assinalou que a decisão foi adotada por unanimidade e que em debate estava apenas um corte de 25 pontos base.
Relativamente à evolução económica, Lagarde observou que embora a produção industrial tenha sido "particularmente volátil", durante os meses de verão as pesquisas mostram que a indústria transformadora continuou a contrair-se.
No caso dos serviços, Lagarde apontou uma recuperação em agosto apoiada numa época turística forte, embora os últimos dados indiquem que há um crescimento mais lento.
"A descida da confiança pode impedir o consumo e o investimento de recuperarem tão rapidamente como estava previsto", afirmou a líder do banco central, acrescentando que a conjuntura económica pode também ser afetada com "riscos geopolíticos", como a guerra na Ucrânia e no Médio Oriente.
Apesar desta evolução, Lagarde afastou que as suas previsões contemplem uma recessão e disse que é esperada "uma aterragem suave".
"A zona euro não se encaminha para uma recessão", insistiu.
A presidente do BCE disse ainda que a evolução económica tem ficado abaixo do previsto e que se espera a divulgação de mais dados económicos para tomar as decisões de política monetária reunião a reunião, reiterando que não há uma trajetória de taxas determinada previamente.
"Estamos preocupados com o crescimento na medida em que ele tem impacto na inflação", explicou Lagarde, o que significa que se a situação económica se deteriorar muito, a inflação pode ficar abaixo da meta do BCE, levando a instituição a uma maior flexibilização da sua política monetária para apoiar a economia e os preços, como aconteceu a partir de 2015.
No comunicado que divulgou após a reunião, o BCE já tinha justificado que decidiu cortar as taxas de juro por considerar que o processo de desinflação "está bem encaminhado", sem se comprometer com futuros cortes nas taxas.
Na conferência de imprensa, Lagarde sublinhou que a batalha contra a inflação ainda não foi vencida.
"Já quebrámos o pescoço à inflação? Ainda não, mas acho que estamos perto de conseguir fazer isso", afirmou.
Com a decisão de hoje, a taxa de juro aplicada à facilidade permanente de depósito, de referência, cai para 3,25% e as taxas de juro aplicáveis às principais operações de refinanciamento e à facilidade permanente de cedência de liquidez são reduzidas para 3,40% e 3,65%, respetivamente, com efeitos a partir de 23 de outubro.
[Notícia atualizada às 17h34]
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