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Banif: "O grande vencedor é o interesse espanhol em Portugal"
O presidente do grupo Montepio, dono do banco mutualista, manifestou hoje a sua preocupação com o desfecho do Banif, vendido ao Santander Totta, considerando que o interesse português não foi defendido e que o grande vencedor foi o interesse espanhol.
© Global Imagens
Economia Tomás Correia
Questionado pelos jornalistas sobre os moldes da venda do Banif no âmbito da medida de resolução aplicada ao banco, à margem da apresentação de um livro que marca os 175 anos do Montepio Geral Associação Mutualista (MGAM), que decorreu em Lisboa, António Tomás Correia disse que "o grande vencedor é o interesse espanhol em Portugal".
E destacou: "Eu vejo o caso Banif com alguma preocupação. O modo como tudo se desenrolou - e eu não conheço os pormenores - não é uma coisa que me deixe tranquilo. Eu não sei se ao longo de todo o processo Banif, desde a sua capitalização até à sua venda e liquidação, em todos os momentos o interesse nacional esteve na ponta das preocupações dos decisores, e é isto que me preocupa".
O Banco Santander Totta faz parte do grupo financeiro espanhol Santander e é um concorrente direto do Montepio no mercado bancário português.
O responsável disse que só o futuro pode dizer o que realmente levou a este desfecho do caso Banif, apontando a importância dos dados que vão vir a público no decorrer da Comissão Parlamentar de Inquérito, entre outras informações que vão surgir nos próximos tempos.
"Vão ajudar-nos a perceber melhor aquilo que se passou. Eu não tenho informação bastante para me poder pronunciar, mas tenho informação bastante para poder informar que tenho algumas preocupações com todo esse processo", vincou.
"Eu creio que um negócio como aquele do Banif devia ter tido a possibilidade de se desenrolar com um 'timing' que pudesse ter presente o interesse nacional. Não me parece que isso tenha ocorrido, mas provavelmente também não tinhamos outra possibilidade que não fosse seguir adiante com algo que veio ditado do exterior", finalizou Tomás Correia.
A 20 de dezembro, o Banco de Portugal anunciou em comunicado que tinha sido decidida a venda da atividade do Banif e da maior parte dos seus ativos e passivos ao Banco Santander Totta por 150 milhões de euros.
A alienação foi tomada "no contexto de uma medida de resolução" pelas "imposições das instituições europeias e inviabilização da venda voluntária do Banif", segundo informou o supervisor bancário.
A operação "envolve um apoio público estimado em 2.255 milhões de euros que visam cobrir contingências futuras, dos quais 489 milhões de euros pelo Fundo de Resolução e 1.766 milhões diretamente do Estado", especificou o banco central, garantindo que esta solução "é a que melhor protege a estabilidade do sistema financeiro português".
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