Empresa cria fogão que diminui riscos provocados por fumos
Uma empresa de Azeméis está a afirmar-se em países emergentes da América Latina e África graças a fogões que diminuem os riscos de saúde associados à inalação de fumos quando se cozinha no exterior ou em habitações precárias
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Em causa estão equipamentos portáteis que permitem baixos consumos de lenha com recurso a um formato de combustão que assegura uma queima mais limpa e assim permite que quem habitualmente mais respira os fumos resultantes da confeção de alimentos esteja menos sujeito a problemas pulmonares e cardiovasculares.
"Este produto foi desenvolvido especificamente para países onde as pessoas ainda cozinham sobre três ou quatro pedras, com todos os efeitos negativos que isso implica para a sua saúde em termos respiratórios", explica Ricardo Gama, gerente da Gamadaric.
"No Gana, por exemplo, quando as condições climatéricas não permitem cozinhar ao ar livre, as pessoas fazem-no dentro das suas próprias habitações - o que ainda agrava mais o problema dos fumos - e esse foi precisamente o tipo de situação que quisemos melhorar", realça.
México e Peru são os mercados onde os fogões da marca mais se têm afirmado, para o que contribui o facto de os modelos aí disponíveis cumprirem especificações técnicas solicitadas pelos respetivos distribuidores.
"Por aquilo de que temos conhecimento, a nível europeu não há mais ninguém que esteja a desenvolver este tipo de produto e em Portugal também não", defende Ricardo Gama.
Essa reduzida oferta a nível europeu poderá dever-se ao facto de a produção ser dificultada pelas especificações exigidas pelos distribuidores que operam no mercado latino e africano.
"No México, por exemplo, consomem muito tortilhas e, como elas são confecionadas diretamente sobre uma base instalada no fogão, nós tivemos que adaptar o equipamento a essa prática, aumentando-lhe a plataforma", explica o gerente da Gamadaric.
"No Peru, por sua vez, os fogões tradicionais eram fabricados em barro, mas, em conjunto com um parceiro local, concebemos o nosso com a estrutura toda em ferro, para ser mais resistente", acrescenta.
Quando o produto se dirige a mercados onde as panelas comuns têm dimensões superiores às europeias, os fogões também se adaptam de forma a exibir maior suporte.
Com instalações na Zona Industrial de Cesar, a Gamadaric, criada em 2005, emprega atualmente 32 funcionários.
Em 2015 registou um volume de negócios na ordem dos dois milhões de euros, sendo que mais de 60% da produção foi exportada, nomeadamente para mercados não apenas como o México e Peru, mas também como a França e Espanha.
Segundo um estudo publicado pela editora internacional BioMed Central, as fogueiras e fogões ineficientes libertam diversos poluentes perigosos que, quando inalados, resultam num "excesso de morbidade e mortalidade respiratórias em mulheres e crianças".
Na população feminina, a inalação desses poluentes em espaços interiores foi associada a "redução de vitalidade, maior risco de infeções respiratórias agudas, doença pulmonar obstrutiva crónica e cancro dos pulmões".
Em meio infantil, estudos relativos à inalação de fumo no contexto alimentar da Etiópia e de Inglaterra demonstraram que a saliva das crianças etíopes apresenta maiores índices de carbono comparativamente aos meninos ingleses - o que denuncia maior exposição pulmonar e também o que a Organização Mundial de Saúde define como "um grave problema de saúde pública".
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