Assembleia-geral do Montepio "vai ser muito rápida" e inconclusiva
O presidente do Grupo Montepio disse que a assembleia-geral de hoje sobre a transformação em sociedade anónima será inconclusiva e que uma eventual entrada de novos acionistas "não está em cima da mesa porque não há necessidades de capital".
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Economia Tomás Correia
"A assembleia-geral [extraordinária] de hoje não vai ser conclusiva, porque ainda não estão reunidas as condições para se aprovar a versão final dos estatutos. Vai ser muito rápida, começará hoje e há de terminar num dia a determinar", disse à agência Lusa o presidente do Montepio Geral - Associação Mutualista e do Grupo Montepio, António Tomás Correia, à margem de uma conferência em Lisboa.
Em novembro, já foi realizada uma reunião magna sobre este tema, tendo então sido aprovada na globalidade a alteração de estatutos relativa à "aceitação da transformação imposta nos termos legais da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), Caixa Económica Bancária, em sociedade anónima".
Questionado sobre a possibilidade de o processo de transformação em sociedade anónima vir a abrir a porta a novos acionistas, António Tomás Correia reforçou: "Esse problema não está em cima da mesa, porque não há necessidades de capital".
Já na segunda-feira, numa mensagem enviada aos clientes, o presidente do Grupo Montepio garantiu que a Associação Mutualista Montepio Geral continuará a ser proprietária do total do capital social da CEMG, apesar da transformação do banco mutualista em sociedade anónima.
Ainda sobre a alteração dos estatutos, António Tomás Correia reforçou: "Queremos fazê-lo para nos adaptarmos à nova lei das caixas económicas" e temos "um 'timing' que temos condições de cumprir".
Hoje, o assunto será discutido, será realizado um ponto de situação e reagendada uma nova assembleia-geral, acrescentou.
Já em novembro, os trabalhos não foram concluídos e ficaram suspensos até hoje para "serem reconsideradas algumas matérias em função de recomendações ou decisões que resultarem de comunicação dos supervisores", segundo disse então a instituição em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Atualmente, o banco mutualista é totalmente detido pela Associação Mutualista Montepio Geral e a abertura de estatutos chega num momento em que poderá vir a ter de aumentar capital para fazer face às novas exigências dos reguladores bancários, nomeadamente do Banco de Portugal.
A alteração dos estatutos do banco mutualista tem sido um assunto recorrente e, em março deste ano, o presidente da Caixa Económica, Félix Morgado, admitiu à Lusa que esse tema poderia colocar-se, mas garantindo que eventuais novos acionistas virão de entidades ligadas ao terceiro setor.
Mas na segunda-feira, António Tomás Correia disse então aos seus clientes: "Apesar do atual contexto económico e social exigente, gostaria de tranquilizá-lo quanto a esta alteração, garantindo-lhe, simultaneamente, que os valores que inspiram o Montepio Geral - Associação Mutualista desde 1840 também guiam o conjunto de empresas instrumentais que constituem o Grupo Montepio, o maior grupo mutualista português, suportado em modelos de gestão éticos, transparentes e sempre orientados à missão de trabalhar com as pessoas e para as pessoas", afirmou António Tomás Correia.
A assembleia-geral da Caixa Económica está marcada para esta terça-feirapelas 15h00 em Lisboa.
A Caixa Económica Montepio Geral é a principal empresa do Grupo Montepio, tendo apresentado até setembro um prejuízo de 67,5 milhões de euros, um resultado que compara com perdas de 59,5 milhões de euros em igual período de 2015.
O banco está num processo de reorganização e redução de custos e, em outubro, pediu ao Governo o estatuto de empresa em reestruturação, estando prevista uma nova diminuição de trabalhadores nos próximos meses, que poderá mesmo superar os 100.
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