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Comunidade internacional na ONU de novo contra bloqueio dos EUA a Cuba

A Assembleia-Geral das Nações Unidas aprovou hoje, por esmagadora maioria, uma nova resolução contra as sanções dos Estados Unidos da América (EUA) a Cuba, que duram há 62 anos e representaram um rude golpe para a economia da ilha.

Comunidade internacional na ONU de novo contra bloqueio dos EUA a Cuba
Notícias ao Minuto

23:59 - 30/10/24 por Lusa

Mundo ONU

A resolução foi aprovada por 187 votos a favor, dois contra, de EUA e Israel, e uma abstenção, da Moldávia.

 

"O Presidente [dos Estados Unidos] Joseph Biden, com um mimetismo surpreendente, deixou intacto o regime coercivo do seu antecessor [Donald Trump] e aplicou-o consciente das suas consequências devastadoras", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros cubano, Bruno Rodríguez Parrilla, numa intervenção na ONU antes da votação.

A resolução intitulada "Necessidade de pôr fim ao embargo económico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba", apresentada anualmente, reafirma "a igualdade soberana dos Estados, a não intervenção e ingerência nos assuntos internos, e a liberdade do comércio e da navegação internacionais".

No seu discurso perante a assembleia-geral, Rodríguez Parrilla definiu as sanções contra Cuba como "medidas desumanas" e "típicas de uma guerra económica extrema", com as quais os Estados Unidos procuram alertar "qualquer nação que se atreva a defender com firmeza a sua soberania e construir o seu próprio futuro".

"Deixem Cuba viver em paz", disse, em inglês e espanhol, o ministro dos Negócios Estrangeiros cubano, sob o olhar do único representante da delegação norte-americana presente na sala.

Por outro lado, se antes as demonstrações mais contundentes de apoio à causa cubana surgiram da Rússia, de membros do Movimento dos Países Não-Alinhados ou da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), hoje foi o Irão quem se manifestou com maior veemência contra os EUA.

O bloqueio a Cuba "é uma ameaça ao multilateralismo" e "as sanções são um método para alcançar objetivos nacionais mesquinhos, que ameaçam a paz e a segurança internacionais", afirmou o embaixador iraniano na ONU, Amir Saeid Iravani.

A margem de apoio demonstrada a Cuba nesta ocasião é idêntica à obtida no ano passado, mas com a abstenção da Ucrânia, e a resolução foi acompanhada este ano por um relatório muito crítico e detalhado do Secretariado-Geral da ONU.

Este documento, elaborado ao longo deste ano, inclui respostas contundentes contra o bloqueio dos EUA a Cuba por parte de mais de 180 países e 35 instituições internacionais, incluindo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Programa Alimentar Mundial, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento ou a Organização Mundial de Saúde.

Washington decretou as primeiras sanções contra Cuba em 1959, logo após o triunfo da revolução na ilha, mas o primeiro grande bloco de medidas concretizou-se em 1962, durante a presidência de John F. Kennedy (1961-1963).

Desde então foram alargadas e intensificadas em diversas ocasiões, como com a lei Helms-Burton (1996) ou as 240 medidas da administração Trump (2017-2021), que Biden manteve praticamente intactas.

Cuba sofre com a escassez de alimentos, medicamentos e combustível, apagões diários prolongados, inflação desenfreada, aumento da dependência do dólar, e deterioração dos serviços estatais, como a educação e a saúde.

No seu relatório anual sobre o chamado bloqueio em Cuba (ou embargo, nos EUA), Havana estima que o custo das sanções entre março de 2023 e fevereiro de 2024 ascendeu a 5.056,8 milhões de dólares (4.656, 7 milhões de euros), embora não detalhe como faz os seus cálculos.

O Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, reagiu na rede social X (antigo Twitter), após a aprovação da resolução, que "o pequeno David derrotou mais uma vez o gigante Golias".

"A pequena Cuba derrotou mais uma vez o império vizinho que, certamente, ignorará arrogantemente a resposta global, mas a dignidade deste povo e a solidariedade universal derrotaram-no mais uma vez", escreveu o líder cubano.

O ministro cubano dos Negócios Estrangeiros declarou na rede social X que "o Governo dos EUA ficou mais uma vez isolado perante esta condenação esmagadora para pôr fim ao bloqueio genocida e obsoleto que tanto mal faz ao povo cubano".

Díaz-Canel culpou esta política dos EUA pela profunda crise e apontou Washington como sendo o "grande responsável" pelo apagão total que a ilha sofreu recentemente.

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