A maldição de Trasmoz, a única cidade excomungada de Espanha
Há sete séculos que a localidade lida com a má fama. Ainda nenhum papa revogou o esconjuro.
© Getty Images
Mundo Mistério
As lendas não saem de moda e quanto mais mistério envolver, mais curiosidade espoleta nas pessoas. Não importa o ceticismo, as provas científicas ou a passagem dos anos, a má fama perdura no tempo e a cidade espanhola de Trasmoz é prova disso.
Situada nas encostas do Moncayo, a 765 metros acima do mar a oeste da província de Saragoça e com pouco mais de uma centena de habitantes, Trasmoz tem uma história negra. A primeira vez que foi excomungada foi há sete séculos, a partir daí, a sua cronologia é marcada por bruxas e feitiçarias. Até hoje, nenhum papa, que é a única pessoa que pode colocar um ponto final neste ‘castigo’, revogou a decisão.
De acordo com o La Vanguardia, esta é mesmo a única localidade de Espanha excomungada pela Igreja Católica. Mas o que para muitos pode ser motivo de aversão, a outros atrai. Todos os anos, milhares de estrangeiros visitam este recanto e o seu museu dedicado à feitiçaria e superstições, fascinados pelo oculto e pelo mistério de Trasmoz, assim como a famosa Feira da Bruxaria.
Zangas, castigos e bruxarias
Andrés Tudela, abade do Mosteiro de Veruela, foi o primeiro a lançar um “castigo divino” aos residentes de Trasmoz. Segundo o La Vanguardia, o clérigo teve uma discussão acessa com os então aldeões, devido ao fornecimento de madeira, e decidiu excomungar o local, “separando-o do Reino dos Céus para toda a eternidade”. Ou melhor dizendo, impossibilitando os habitantes de frequentarem a igreja.
Três séculos depois, em 1511, foi a água que fez pegar fogo entre o então abade do Mosteiro de Veruela e os habitantes de Trasmoz. A história é cumprida, mas termina da mesma forma. Com mais um clérigo a amaldiçoar a cidade espanhola.
E como é que ele o fez? Conta a lenda que o abade cobriu o crucifixo do altar com um véu negro enquanto recitava o Salmo 108 da Bíblia, que normalmente é lido quando é necessária ajuda divina contra um inimigo. Ao mesmo tempo que a reza acontecia, juram os populares, todos os sinos tocavam.
A partir dessa noite, Transmoz vive sobre um manto sombrio, que já deu azo a muitas histórias de terror.
Um dos casos é relatado pelo poeta e contador de histórias Gustavo Adolfo Bécquer que, em 1857, infetado com tuberculose, mudou-se para o Mosteiro de Veruela por acreditar que lá respirava ar puro.
Na obra dedicada à cidade (‘Da Minha Cela’), o artista narra a morte de Tía Casca, a bruxa de Trasmoz, que foi atirada por uma ribanceira abaixo pelos habitantes da cidade, que estavam fartos da dos seus feitiços e olhares “malignos”.
Desde então, diz-se por lá, o seu espírito deambula por Transmoz. A sua maldade era tanta que nem o diabo a aceitou no inferno.
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