França multa Monsanto por ter dados de jornalistas, políticos e ativistas
As autoridades francesas anunciaram hoje a aplicação de uma multa de 400 mil euros à multinacional americana Monsanto por ter um ficheiro com dados de mais de 200 pessoas suscetíveis de influenciar a proibição do herbicida glifosato.
© Reuters
Mundo Dados
Políticos, jornalistas, cientistas ou ativistas ambientais faziam parte dessa lista, que também continha os seus dados pessoais, anunciou num nota a Comissão Nacional de Informática e Liberdades (CNIL).
A lista incluía informações sobre a organização ou empresa onde trabalham e o cargo que ocupam assim como números de telefone fixo e móvel, o endereço de e-mail e, em alguns casos, a conta do Twitter.
Além disso, a capacidade de influência de cada indivíduo e o seu possível nível de apoio à Monsanto em produtos como herbicidas e organismos geneticamente modificados foram indicados num índice de 1 a 5.
Na sua decisão, a CNIL considerou que a Monsanto "violou a regulamentação" em vigor ao não informar as pessoas afetadas da sua inclusão no processo e ao não cumprir as garantias contratuais sobre proteção de dados nas suas relações com uma subcontratada.
A americana Monsanto, que também produz sementes transgénicas, fez listas semelhantes em outros seis países europeus e instituições da União Europeia, com um total de cerca de 1.475 pessoas, 144 delas em Espanha.
A Monsanto é propriedade desde 2018 do grupo químico alemão Bayer, que em 2019 garantiu (após uma investigação encomendada por um escritório de advocacia) que as listas, elaboradas por uma agência de relações públicas dos EUA, não eram ilegais, pois contêm apenas informações públicas.
As listas foram elaboradas enquanto decorria na União Europeia um debate sobre o usos do glifosato, um herbicida acusado de ser potencialmente cancerígeno, sobre o qual pesam várias sentenças multimilionárias nos Estados Unidos por cancros atribuídos ao uso de um herbicida popular à base de glifosato.
A Bayer concordou em pagar 10,9 mil milhões de dólares (9,7 mil milhões de euros) pelos danos causados por um dos seus herbicidas, o Roundup, que contém glifosato.
A empresa foi processada em cerca de 125 mil ações judiciais nos Estados Unidos, com milhares a acusarem o herbicida de provocar cancro.
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