Um alto funcionário do Departamento de Estado norte-americano disse que as duas autoridades discutiram possíveis projetos conjuntos que poderiam ser anunciados pelo Presidente Emmanuel Macron e o seu homólogo norte-americano, Joe Biden, durante um encontro no final deste mês, numa data e local que ainda não foram decididos.

O funcionário não entrou em detalhes sobre quais seriam esses projetos.

A fonte falou aos jornalistas sob condição de anonimato, visto que o encontro entre Emmanuel Macron e o secretário de Estado Antony Blinken no Palácio do Eliseu não aparece na programação oficial do responsável norte-americano para hoje.

A reunião de cerca de 40 minutos ocorreu após os franceses anunciarem uma quebra de confiança devido ao anúncio no mês passado de um acordo sobre o Indo-Pacífico entre Austrália, Reino Unido e os Estados Unidos, conhecido como AUKUS.

As autoridades norte-americanas reconheceram que o anúncio foi mal gerido e poderia ter-se beneficiado da coordenação com a França e outros membros da União Europeia (UE), todos excluídos do acordo.

E, embora os norte-americanos também tenham sinalizado o desejo de fazerem as pazes, sugeriram que França teve uma reação exagerada.

A França respondeu com fúria também ao fim de um contrato milionário de submarinos que tinha acordado com a Austrália, que optou por comprar aos Estados Unidos, e convocou brevemente os seus embaixadores em Washington e Camberra numa demonstração sem precedentes de ressentimento.

As autoridades francesas expressaram deceção com a situação, sobretudo depois de Biden prometer restaurar e valorizar as relações transatlânticas.

Os franceses disseram repetidamente que será necessário muito tempo e trabalho para superar a cisão e que o incidente sublinha a necessidade de a Europa desenvolver os seus próprios planos de segurança e defesa, bem como adotar uma estratégia europeia para enfrentar o crescente desafio que representa a China.

Blinken está na capital francesa para uma conferência económica internacional de dois dias que foi ofuscada pela polémica AUKUS, que eclodiu em 15 de setembro com o anúncio do projeto.

Antes da sua visita à França, a sua segunda como secretário de Estado, mas a primeira desde a rutura, Blinken encontrou-se na sexta-feira com o embaixador francês, Philippe Etienne, em Washington.

A visita de Blinken segue-se a um telefonema em 22 de setembro entre Biden e Macron, que concordaram em tentar acalmar as coisas.

O motivo aparente para a viagem de Blinken à França, que havia sido planeada bem antes do tumulto do AUKUS, é copresidir uma reunião ministerial da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), com sede em Paris, hoje e na quarta-feira sobre mudança climática e segurança.

O ex-secretário de Estado e atual enviado para o clima dos EUA, John Kerry, também está a participar nas negociações da OCDE, que ocorrem semanas antes da próxima conferência internacional sobre clima apoiada pelas Nações Unidas, em Glasgow, na Escócia.

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