Turquia defende que presença militar na Líbia é "força de estabilidade"
A presença militar turca na Líbia é uma "força de estabilidade", defendeu hoje o porta-voz presidencial da Turquia, um dia após o Presidente francês ter apelado para que o país e a Rússia retirassem os seus "mercenários" sem demora.
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"Por vezes os nossos aliados levantam esta questão como se a presença turca fosse o principal problema na Líbia. Não é este o caso", afirmou Ibrahim Kalin à agência France-Presse (AFP), apontando que as forças da Turquia estão no país "como uma força de estabilidade e para ajudar o povo líbio".
Na sexta-feira, o Presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu que Turquia e Rússia deveriam retirar "sem demora" os seus "mercenários" na Líbia, apontando que a sua presença "ameaça a estabilidade e a segurança do país e de toda a região".
"As nossas tropas estão lá sob um acordo com o Governo líbio. Não podem ser colocados ao mesmo nível do que os mercenários que são trazidos por outros países", acrescentou o porta-voz.
Kalin questionou, por outro lado, "os esforços" dos países ocidentais para retirarem a empresa paramilitar russa Wagner da Líbia.
"Há ali a presença da Wagner, os mercenários russos. Não sei o que os nossos amigos e aliados na Europa estão a fazer a este respeito. Estão realmente a falar com a Rússia sobre isso, ou estão realmente a fazer um esforço sério e concertado para tirar a Wagner da Líbia?", questionou.
A conferência internacional sobre a Líbia, realizada em Paris, aprovou na sexta-feira "o plano líbio de partida das forças e mercenários estrangeiros".
Segundo o Eliseu, encontram-se ainda na Líbia vários milhares de mercenários russos -- do grupo privado Wagner --, sírios pró-turcos, chadianos e sudaneses.
Mas a Turquia não tem pressa de iniciar a retirada das suas forças. O Kremlin, por sua vez, desmente qualquer envio de militares ou mercenários para a Líbia, bem como qualquer ligação ao grupo Wagner.
A comunidade internacional, reunida em Paris no quadro de uma conferência sobre a Líbia, apelou na sexta-feira para a realização de eleições "inclusivas e credíveis" no país, marcadas para dezembro, e ameaçou com sanções todos os que criarem obstáculos.
"É importante que todas as partes interessadas da Líbia se mobilizem resolutamente em favor da organização de eleições presidenciais e legislativas livres, justas, inclusivas e credíveis a 24 de dezembro de 2021", sublinharam os líderes e ministros de cerca de 30 países, protagonistas ou mediadores na crise líbia.
Trezentos "mercenários e combatentes estrangeiros" ativos em áreas controladas por Khalifa Haftar vão ser repatriados "a pedido da França".
"O comando do Exército Nacional da Líbia (ANL, leal ao marechal Haftar) decidiu enviar [para fora da Líbia] um primeiro grupo de 300 mercenários e combatentes estrangeiros", indicaram, num comunicado, representantes desta força militar.
O comunicado foi divulgado por representantes do lado de Haftar no "Comando Militar Misto Líbio (5+5)", uma estrutura que reagrupa cinco membros do Governo de Tripoli e outros tantos do ANL e que está encarregue de aplicar o acordo de cessar-fogo assinado pelas duas partes em outubro de 2020.
Na guerra entre potências rivais no Ocidente e no Leste em 2019 e 2020, a Turquia apoiou o antigo governo com sede em Trípoli, enquanto Haftar recebeu ajuda dos Emirados Árabes Unidos, Rússia e Egito.
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