Primeira visita do Presidente do Irão ao Qatar marcada por Energia
O Presidente do Irão iniciou hoje uma visita ao Qatar - que organiza na terça-feira a Cimeira dos Países Exportadores de Gás - onde pretende coordenar posições ao nível do setor energético face ao intensificar da crise russo-ucraniana.
© Lusa
Mundo Encontro
Trata-se da primeira deslocação ao Golfo Pérsico de Ebrahim Raisi, que tomou posse em agosto de 2021.
O Presidente iraniano vai abordar com o emir do Qatar, Tamin bin Hamad Al Zani, "as perspetivas para reforçar as relações bilaterais, além de uma série de temas de interesse comum", indicou hoje a agência de notícias oficial do emirado, QNA, sem fornecer mais detalhes.
Na terça-feira, o Presidente do Irão vai participar na cimeira dos chefes de Estado e de Governo dos principais países exportadores de gás, entre os quais a Rússia, a Argélia e a Venezuela.
A presença do chefe de Estado russo ainda não está confirmada.
A reunião do Qatar, um dos principais produtores mundiais de gás liquefeito e sede do organismo que reúne 11 Estados exportadores (Fórum dos Países Exportadores de Gás, GECF), decorre num momento marcado pelos receios de que a Rússia venha a limitar o abastecimento à Europa por causa da crise com a Ucrânia e com a Aliança Atlântica.
A ameaça de um ataque da Rússia contra a Ucrânia gera receios quando ao fornecimento de gás russo e tem contribuído para a escalada dos preços do gás.
Perante esta possibilidade, os Estados Unidos e a União Europeia (UE) intensificaram contactos com países fornecedores de gás, como o Qatar, Egito, Azerbaijão e Nigéria para que aumentem a oferta.
O GECF é composto pelo Qatar, Rússia, Irão, Argélia, Bolívia, Egito, Guiné Equatorial, Líbia e Nigéria, Trindade e Tobago e Venezuela, que, juntos, representam mais de 70% das reservas mundiais de gás.
Além das questões relacionadas com o gás, é possível que a reunião entre Ebrahim Raisi e Tamin bin Hamad Al Zani venha a abordar igualmente o acordo internacional sobre o controverso programa nuclear do Irão, firmado em 2015 e que ficou fortemente fragilizado com a saída unilateral, em 2018, dos Estados Unidos.
As autoridades iranianas começaram a deixar de cumprir formalmente as suas obrigações nucleares em 2019, um ano após a retirada de Washington e o restabelecimento de sanções que têm sufocado a economia iraniana.
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Qatar, Mohamed bin Abderrahman al Zani, visitou Teerão duas vezes nos últimos meses e disse que Doha vai aproveitar as boas relações que mantém com os Estados Unidos e o Irão para aproximar as posturas dos dois países sobre o programa nuclear iraniano.
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