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Mulheres que branqueiam a pele arriscam por "modelo ocidental ilusório"

As mulheres que utilizam branqueadores de pele procuram "uma representação ideal da beleza que não existe", redefinida segundo "um modelo ocidental ilusório", pela qual arriscam a saúde, afirmou a fundadora de uma organização que alerta para esta prática perigosa.

Mulheres que branqueiam a pele arriscam por "modelo ocidental ilusório"
Notícias ao Minuto

08:43 - 01/05/22 por Lusa

Mundo Dermatologia

Catherine Tetteh fundou a Melanin Foundation, sediada na Suíça, há três décadas, com o propósito de combater a difusão do uso dos cremes branqueadores de pele, após assistir aos efeitos nefastos desta utilização em familiares.

Apesar de reconhecer que é impossível avançar com rigor o número de pessoas que recorrem a estes cremes -- alguns dos quais com substâncias ilegais, como a hidroquinona, vendidos ilegalmente no centro de Lisboa - a cosmetologista e especialista em saúde pública avança com uma prevalência entre 25 a 75%, dependendo da região do mundo, conforme estimada por algumas publicações científicas.

Em declarações à agência Lusa, por escrito, Tetteh afirmou que este é um problema sobre o qual as autoridades de saúde públicas ocidentais "estão cientes".

"Em alguns países, o serviço aduaneiro organiza apreensões de cremes de aclaramento da pele", disse. Paradoxalmente, acrescentou, "os maiores fabricantes de produtos despigmentantes encontram-se na Europa".

Segundo Catherine Tetteh, é longa a lista de riscos para a saúde que os utilizadores de cremes branqueadores enfrentam: Mutação genética do feto, baixo peso dos recém-nascidos, infeções neonatais, aborto, cancro da pele, cancro do fígado, danos no sistema nervoso central, falha renal, problemas cardíacos e ósseos, cegueira, esgotamento nervoso, diabetes, hipertensão, obesidade, dependência.

Questionada sobre os fins que, para estas utilizadoras, justificam os meios, a presidente da Melanin Foundation referiu que estas mulheres -- embora também existam consumidores masculinos -- "querem mudar a sua própria aparência".

"Elas procuram agradar e refletir uma nova imagem de si próprias e uma representação ideal da beleza que não existe", referiu.

E acrescentou: "A globalização, o poder dos meios de comunicação e da publicidade criam a imagem de um padrão de beleza universal, de uma beleza feminina que foi redefinida de acordo com um modelo ocidental ilusório".

Se, por um lado, a comunicação social e as campanhas de sensibilização podem ajudar a informar melhor as populações sobre os perigos da despigmentação voluntária da pele, a par da educação dos jovens para "uma melhor representação de todos os tons de pele", por outro, e "infelizmente, o avanço das tecnologias estéticas democratizou ainda mais a prática".

"As mulheres já não aplicam apenas cremes, mas recorrem agora a comprimidos, injeções intravenosas e lasers", lamentou.

Ao longo da pesquisa que realiza há décadas para ajudar estas mulheres a deixarem de recorrer a aclaradores da pele, Catherine Tetteh descobriu a extensão do problema e "especialmente o fenómeno da dependência", o qual "torna difícil estas mulheres deixarem de utilizar os produtos".

Do trabalho da organização que criou destaca-se a participação em conferências e 'workshops' nos "cinco continentes", desde 2000.

"Sensibilizamos, informamos e estamos convencidos de que seremos capazes de mudar as coisas, dando um passo de cada vez", referiu.

Leia Também: Alerta para riscos de substâncias proibidas em cosméticos branqueadores

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