ONU no Brasil 'chocada' com mortes em favela no Rio de Janeiro
Os representantes das Nações Unidas no Brasil mostraram-se "chocados" com o número de mortos causado pela operação policial que provocou a morte a pelo menos 24 pessoas na Vila Cruzeiro, favela localizada na região norte do Rio de Janeiro.
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Mundo Rio de Janeiro
De acordo com um comunicado enviado à CNN Brasil, a porta-voz da ONU no país, frisou que a maioria das vítimas mortais eram negras tal como acontece "em 80% das operações policiais tão mortais quanto, de acordo com estudos sobre o histórico de operações no Rio de Janeiro".
"É fundamental que as autoridades cumpram a ordem do Supremo Tribunal Federal de implementar um plano para reduzir as mortes em operações policiais, em especial equipando os batalhões de operações especiais com câmaras corporais", sublinhou a ONU, de acordo com a nota enviada à CNN Brasil.
A responsável pediu ainda a abertura de uma investigação para se avaliar se o uso da força foi legal e proporcional.
Pelo menos 24 pessoas morreram durante uma operação de captura de traficantes de droga de um poderoso grupo criminoso num complexo de favelas no Rio de Janeiro, na terça-feira.
Esta foi a segunda operação mais letal da cidade, ficando apenas atrás apenas da realizada na favela do Jacarezinho, em maio de 2021, onde morreram 28 pessoas.
La Penha, na zona norte do Rio, acordou ao som de tiros depois de uma operação conjunta do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Polícia Federal (PF)ter entrado no complexo de favelas gigantescas do Rio de janeiro em busca de líderes do Comando Vermelho, um dos grupos criminosos mais importantes do Brasil.
O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, elogiou na madrugada de hoje a operação policial: "Parabéns aos guerreiros do BOPE e da @PMERJ que neutralizaram pelo menos 20 marginais ligados ao narcotráfico em confronto, após serem atacados a tiros durante operação contra líderes de fação criminosa", escreveu Bolsonaro na rede social Twitter.
"A operação vinha sendo planeada há meses e os agentes de segurança monitoravam os passos de chefões do tráfico com objetivo de prendê-los fora da comunidade, o que não foi possível devido ao ataque da fação, fazendo-se necessário o uso da força para conter as ações", acrescentou.
A polícia do Rio de Janeiro argumentou estar a planear a prisão de um bando de criminosos que estariam escondidos na Vila Cruzeiro para desmantelar o Comando Vermelho, uma fação "com uma ideologia de guerra" e que é "responsável por mais de 80% dos confrontos armados" no Estado do Rio de Janeiro.
A operação despertou críticas de organizações como a Amnistia Internacional, que classificou a operação como uma "chacina".
A Defensoria Pública do Rio de Janeiro também admitiu que a alta letalidade da operação policial levantou suspeitas de que aconteceu um massacre.
"Até o momento, a legalidade da operação e a proporcionalidade no uso da força estão sendo investigadas. A alta letalidade da operação levanta a suspeita de que um massacre possa ter sido cometido", diz nota divulgada conjuntamente pela Controladoria e pelo Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro.
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