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Identificados 101 migrantes mortos num ano com destino às Canárias

A Cruz Vermelha identificou 101 pessoas mortas ou desaparecidas no mar, no último ano, quando tentavam chegar às ilhas Canárias, Espanha, no âmbito de um projeto-piloto que visa responder a pedidos de famílias de migrantes, cujo paradeiro é desconhecido.

Identificados 101 migrantes mortos num ano com destino às Canárias
Notícias ao Minuto

13:14 - 29/08/22 por Lusa

Mundo Canárias

O projeto "Pessoas desaparecidas em rota migratória" chegou às ilhas Canárias (no Atlântico) em setembro de 2021, depois de uma experiência em Itália, e permitiu identificar até agora 101 pessoas procuradas pelas famílias, que assim puderam fazer o luto, revelou a Cruz Vermelha espanhola, num comunicado divulgado hoje, véspera do Dia Internacional das Vítimas de Desaparecimentos Forçados, instituído pelas Nações Unidas.

Neste ano, foram investigados 45 casos de chegadas de embarcações às Canárias, que levaram à conclusão de que 308 pessoas que pertenciam a esses grupos estavam desaparecidas ou mortas, tendo sido resolvidos 101 pedidos de famílias que procuravam migrantes.

A "procura de pessoas mortas ou desaparecidas em rota migratória" ocorre em três contextos, segundo a Cruz Vermelha: "uma embarcação saiu, mas não chegou à costa de destino; a embarcação chegou com pessoas mortas; na embarcação morreram pessoas, mas os corpos desapareceram no mar".

A identificação de mortos e desaparecidos, no âmbito deste projeto da Cruz Vermelha Internacional, faz-se "através de testemunhos", da "contagem de pessoas que viajavam em cada embarcação à saída e chegada e das que morreram" durante a viagem, assim como de outras ferramentas, que incluem notícias de meios de comunicação social e imagens registadas por outras fontes, segundo o mesmo comunicado divulgado hoje.

A Cruz Vermelha "não certifica a morte, mas constrói o relato daquilo que provavelmente aconteceu, com base em factos confirmados e as possibilidades de sobrevivência", explica o comunicado.

"Cerca de 19.000 pessoas em processos migratórios consideram-se desaparecidas na rota migratória do Mediterrâneo, segundo a Organização Internacional das Migrações (OIM), entre 2014 e 2019", sendo que só no ano passado há 3.300 consideradas desaparecidas na rota para a Europa, segundo a mesma nota informativa.

"Só 13% dos cadáveres foram recuperados e, portanto, identificados como desaparecidos", sublinha a Cruz Vermelha, que explica que "a grande quantidade de casos não resolvidos oriundos de países africanos, o elevado número de pessoas desaparecidas e a necessidade de identificar as pessoas migrantes mortas para ajudar as famílias a enfrentar a perda ambígua" vão levar o projeto às costas mediterrânicas de Espanha, nomeadamente, às regiões da Andaluzia, Múrcia, Comunidade Valenciana e ilhas Baleares.

A rota da África Ocidental, que atravessa o oceano Atlântico e a costa oeste de África até às Canárias, é conhecida por ser extremamente perigosa, por causa das fortes correntes marítimas.

Mesmo com tais perigos, esta rota tem atraído cada vez mais migrantes, sobretudo provenientes de países da África subsaariana, que desejam chegar ao território europeu, a grande maioria a bordo de embarcações muito precárias e sobrelotadas.

Espanha, a par da Grécia, Itália, Malta ou Chipre, é um dos países da chamada "linha da frente" ao nível das chegadas de migrantes irregulares à Europa.

Leia Também: Canárias. Três mortos e 45 sobreviventes em barco de migrantes socorrido

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