Venezuela apoia encontro promovido por Colômbia mas exige fim das sanções
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse na segunda-feira apoiar uma conferência internacional sobre o país promovida pela Colômbia, mas exigiu o fim das sanções internacionais para retomar o diálogo com a oposição.
© Reuters
Mundo Nicolás Maduro
"Eu disse ao ministro dos Negócios Estrangeiros que transmitisse a Gustavo Petro [Presidente da Colômbia] todo o apoio para que a conferência seja um sucesso", disse Maduro durante a primeira emissão do novo programa radiofónico e televisivo "Maduro +".
O líder venezuelano disse ter "grandes expectativas" em relação à conferência e que estará atento ao seu desenvolvimento, "às suas propostas e conclusões".
"Parece-nos que é uma boa oportunidade para procurar caminhos de superação desta época que tanto tem afetado a Venezuela, de sanções e de bloqueio", frisou.
Segundo Nicolás Maduro, é necessário "que toda a comunidade tenha uma só voz: zero sanções contra a Venezuela".
"O tempo das medidas coercivas tem de passar. As relações têm de basear-se no diálogo político, na paz, na cooperação permanente, nas relações internacionais, países grandes, países médios, países pequenos", disse.
Maduro sublinhou que "tem de haver respeito pelo direito internacional, pela soberania, pela liberdade dos países".
"Queremos uma Venezuela livre de sanções, livre de bloqueio económico e que seja respeitada", frisou.
Por outro lado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Venezuela emitiu um comunicado a agradecer a iniciativa de Gustavo Petro de convocar a Conferência Internacional sobre o Processo Político na Venezuela, que decorrerá em Bogotá, na Colômbia, a 25 de abril e terá 19 países convidados.
No entanto, no comunicado, o Governo venezuelano manifestou "à comunidade internacional que só poderá avançar no diálogo político entre venezuelanos uma vez que tenham sido anuladas todas as medidas coercivas unilaterais aplicadas ao país".
Caracas insistiu que as sanções "são contrárias ao Direito Internacional, ao Direito Internacional Humanitário, à Carta das Nações Unidas e às normas e princípios que regulam as relações pacíficas entre os Estados, tal como sancionado recentemente pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU".
"O Governo Bolivariano reitera ao povo venezuelano e à comunidade internacional a sua firme disposição de avançar para conseguir acordos concretos com todos os setores políticos do nosso país, que supõe reforçar os avanços em matéria social e económica dos últimos anos, e que tem permitido ao nosso povo retomar a rota da prosperidade, apesar da recorrente agressão externa, através de sanções ilegais e bloqueios económicos e financeiros", lê-se no comunicado.
Em 04 de dezembro, a opositora Plataforma Unitária Democrática (PUD) da Venezuela acusou o Governo de procurar "sair dos acordos" negociados no México.
"Queremos denunciar que o regime ativou uma série de ações que procuram sair dos acordos", afirmou a oposição em comunicado, frisando que pretende "continuar as negociações sobre questões políticas" e conseguir a libertação de "presos políticos", além do regresso de "milhões de famílias e exilados" à Venezuela.
Em 25 de novembro de 2022, o Governo e a oposição da Venezuela assinaram, no México, um segundo acordo parcial em matéria de proteção social.
O acordo, que visa desbloquear recursos para ajudar as populações mais vulneráveis, determina que Governo e oposição cooperem em despesas humanitárias, como o pagamento de projetos de assistência médica ou a reparação de redes elétricas.
Segundo o chefe da delegação da oposição, Gerardo Blyde, os recursos seriam canalizados através de um fundo fiduciário que seria desenhado e executado pela ONU.
Em 31 de novembro, Nicolás Maduro pediu o desbloqueio dos recursos do país que estão congelados no estrangeiro e "eleições livres de sanções internacionais".
Washington respondeu que vai manter intacta a política de sanções até que sejam dados passos concretos para o "regresso da democracia" à Venezuela.
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