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ONU. Dia Mundial da Criança é de luto por milhares de mortos em conflitos

A ONU lamentou que o Dia Mundial da Criança, que se assinala hoje, se tenha tornado um dia de luto devido às muitas crianças que morreram recentemente em conflitos armados, com destaque para Gaza.

ONU. Dia Mundial da Criança é de luto por milhares de mortos em conflitos
Notícias ao Minuto

15:44 - 20/11/23 por Lusa

Mundo Crianças

O Comité dos Direitos da Criança (CDC) da ONU alertou que uma em cada cinco crianças no mundo vive em zonas de conflito, numa declaração sobre o dia da Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989.

"Trinta e quatro anos depois, o dia de hoje tornou-se (...) um dia de luto pelas muitas crianças que morreram recentemente em conflitos armados. Mais de 4.600 crianças foram mortas em Gaza em apenas cinco semanas", disse o CDC.

A guerra entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas "custou a vida a mais crianças num espaço de tempo mais curto e com um nível de brutalidade a que não assistimos nas últimas décadas", afirmou.

O CDC, que apelou anteriormente para um cessar-fogo em Gaza, denunciou um "aumento exponencial" das violações dos direitos humanos contra as crianças desde o início da ofensiva israelita.

A guerra foi desencadeada pelo ataque do Hamas a Israel, em 07 de outubro, que causou mais de 1.200 mortos, segundo as autoridades israelitas.

O Hamas disse que a resposta do exército israelita já matou mais de 12.700 pessoas.

O CDC criticou a resolução do Conselho de Segurança da ONU, de 15 de novembro, sobre pausas e corredores humanitários, referindo não ser suficiente, embora tenha reconhecido tratar-se de "um passo positivo".

O comité disse também que, apesar da atenção dada à situação na Faixa de Gaza, é preciso não esquecer o que se passa noutras partes do mundo.

"Continuamos extremamente preocupados com o facto de milhares de crianças estarem a morrer em conflitos armados em muitas partes do mundo, incluindo Ucrânia, Afeganistão, Iémen, Síria, Myanmar [ex-Birmânia], Haiti, Sudão, Mali, Níger, Burkina Faso, República Democrática do Congo e Somália", disse.

Em 2022, o número global de crianças mortas ou mutiladas foi de 8.630, referiu o comité, considerando "profundamente preocupante" ter sido negado o acesso humanitário a cerca de 4.000 crianças no ano passado.

"Perante as guerras que afetam as crianças em todo o mundo, apelamos mais uma vez a um cessar-fogo", pediu o Comité dos Direitos da Criança das Nações Unidas, citado pela agência espanhola EFE.

O CDC apelou também para que se regresse aos princípios básicos do direito humanitário e à investigação de todas as violações graves contra as crianças no contexto de conflitos armados.

Lembrou ainda a situação crítica de muitas meninas afetadas pelos conflitos armados, especialmente no Sudão e no Haiti, onde foram registados numerosos raptos e violações de menores de idade.

"Os filhos dos chamados 'combatentes estrangeiros' são outra área de preocupação", alertou igualmente, referindo que 31.000 crianças continuam a viver em condições deploráveis em campos no nordeste da Síria.

O comité de 18 peritos independentes que controla a aplicação da Convenção sobre os Direitos da Criança é presidido atualmente pela sul-africana Ann Marie Skelton.

A ONU celebra o Dia Mundial da Criança em 20 de novembro, data em que a Assembleia-Geral aprovou, em 1959, os Direitos da Criança. Em 1989, também em 20 de novembro, o mesmo órgão adotou a Convenção dos Direitos da Criança.

Portugal ratificou a convenção em 21 de setembro de 1990.

Leia Também: "Estados têm a obrigação de garantir que as crianças vivem em segurança"

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