Eurodeputado português defende parcerias entre iguais na cooperação
O eurodeputado português, Carlos Zorrinho, disse hoje que a União Europeia promove "parcerias entre iguais" para a cooperação e desenvolvimento com países de África, Caraíbas e Pacífico, em vez de projetos "chave na mão".
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Mundo Carlos Zorrinho
Carlos Zorrinho, presidente da delegação do parlamento Europeu para África e Pacífico, falava à Lusa em Luanda, na qualidade de co-presidente da Assembleia Parlamentar Paritária dos países da Organização dos Estados de África, Caraíbas e Pacífico (OEACP)-União Europeia (UE) que realizam nos próximos dias as suas primeiras assembleias constitutivas.
A linha forte das reuniões preparatórias, sublinhou, é um "novo amanhecer" nas relações entre a UE e os países ACP "rumo a uma nova parceria liderada pelos povos".
Para o eurodeputado socialista, trata-se de uma forma de cooperação diferente: "nós sabemos que os países soberanos, como Angola, são disputados e disputam o interesse de muitos blocos à escala global. Angola trabalha com a China, com a Turquia, com a Rússia, com os Estados Unidos e também a com a UE que tem uma perspetiva diferente, de parceria entre iguais".
"Nós construímos projetos com os países com que trabalhamos, não é projetos chave na mão, que fizemos e agora queremos vender. Ajudamos a desenvolver projetos concretos", disse o responsável português, apontando como exemplo o corredor do Lobito.
A reabilitação deste corredor ferroviário que atravessa Angola e liga a República Democrática do Congo (leste) ao porto do Lobito (oeste) conta com financiamento norte-americano e gestão de um consórcio europeu onde participa a portuguesa Mota-Engil.
A maioria dos cerca de 79 países ACP já assinou o Acordo de Samoa, novo quadro geral de relações entre a União Europeia e estes países, que abrange seis domínios prioritários, nomeadamente a democracia e os direitos humanos, desenvolvimento e crescimento económico sustentável, alterações climáticas, desenvolvimento humano e social, paz e segurança e migração e mobilidade.
Carlos Zorrinho adiantou que as assembleias parlamentares são "a voz dos povos cujos governos decidiram associar-se numa parceria multilateral para a cooperação e desenvolvimento, já não numa lógica de doador-destinatario, mas sim numa lógica de trabalhar em conjunto".
"Num momento em que o mundo vive uma grande desordem global e em que muitos procuram o fechamento, muito procuram os blocos, a violência, a guerra, isto é o renascer de uma parceria (...) multilateral, entre países que cooperam num princípio de igualdade e valores partilhados", reforçou.
Zorrinho destacou o papel dos parlamentares, que apesar de não serem os signatários destes acordos e parcerias, "pressionam" os parlamentos a tomar decisões e definir prioridades.
"Também somos parte do resultado, embora não assinemos o resultado", declarou à Lusa.
Nos próximos três dias vão decorrer reuniões das quatro assembleias: Rumo a uma parceria liderada pelos cidadãos: perspetivas da Assembleia Parlamentar Pacífico-UE; Rumo a uma parceria liderada pelos cidadãos: perspetivas da Assembleia Parlamentar Caraíbas-UE; Rumo a uma parceria liderada pelos cidadãos: perspetivas da Assembleia Parlamentar África-UE; e Novo ímpeto para as relações OEACP-UE: Rumo a uma parceria orientada para os cidadãos.
No caso das Caraíbas, os debates vão centrar-se nas questões climáticas, enquanto África deverá centrar-se na transformação energética das energias renováveis e seus impactos na sociedade, disse Carlos Zorrinho, sublinhando o "potencial enorme" dos países africanos nesta área.
"O mundo não tem futuro se não tivermos uma descarbonização progressiva da nossa economia e da sociedade", observou.
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