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Exército birmanês perde controlo de importante cidade fronteiriça

As tropas da junta militar que governa Myanmar (antiga Birmânia) retiraram-se de Myawaddy, importante cidade fronteiriça para o comércio com a Tailândia, disse hoje à agência de notícias France-Presse (AFP) a União Nacional Karen (KNU).

Exército birmanês perde controlo de importante cidade fronteiriça
Notícias ao Minuto

07:34 - 11/04/24 por Lusa

Mundo Comércio

"Tomámos [o batalhão militar de Myanmar] 275 às 22:00" (16:00 em Lisboa) na quarta-feira, disse à AFP o porta-voz da organização política KNU, Padoh Saw Taw Nee.

Cerca de 200 soldados estavam entrincheirados numa ponte que liga Myawaddy à cidade fronteiriça tailandesa de Mae Sot, acrescentou o representante.

Um funcionário da imigração tailandesa disse à AFP que a cidade de Myawaddy "tinha caído" na noite de quarta-feira, pedindo para não ser identificado por não estar autorizado a falar com os meios de comunicação social.

Na quarta-feira, centenas de pessoas assustadas fizeram fila na fronteira para escapar aos combates que duravam há vários dias nos arredores de Myawaddy, noticiou a AFP.

De acordo com os residentes locais, os combates começaram na terça-feira em torno de Myawaddy.

A Tailândia partilha uma fronteira de 2.400 quilómetros com Myanmar, onde um golpe militar, em 2021, contra o governo democraticamente eleito da prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, reacendeu o conflito entre a junta e opositores étnicos e políticos.

Nos últimos meses, a junta foi sofrendo várias derrotas no norte e no oeste do país.

A ONU alertou que cerca de 26,9 milhões de pessoas no país, quase 50% da população, vivem abaixo do limiar da pobreza, de acordo com um relatório.

"Novos dados mostram que menos de 25% da população de Myanmar é capaz de obter uma renda estável para viver acima do limiar da pobreza", disse o administrador do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Achim Steiner, citado no documento.

Outros 13,6 milhões, ou seja, 25% da população, estão em risco de pobreza, referiu ainda o relatório.

A economia birmanesa ainda não recuperou da contração de 17,9% em 2021, na sequência da pandemia da covid-19, tendo também sido atingida pelo aumento da insegurança e dos conflitos armados em todo o país, depois do golpe militar de fevereiro de 2021.

Ainda de acordo com o PNUD, entre 2017 e 2023, o nível de pobreza duplicou na nação asiática, de 24,8% para 49,7%.

O relatório, realizado através de inquéritos a mais de 12 mil agregados familiares birmaneses, referiu que a maioria das famílias foi forçada a recorrer a cortes nos cuidados de saúde e na educação, a esgotar as poupanças, a contrair empréstimos e a comer menos.

A agência estimou que sejam necessários quatro mil milhões de dólares (cerca de 3,72 mil milhões de euros) por ano para fazer face a este aumento da pobreza, depois de se ter registado uma queda significativa do investimento estrangeiro desde a pandemia e o golpe de Estado.

O levantamento militar pôs fim a dez anos de transição democrática e prosperidade económica e abriu uma espiral de violência que exacerbou a guerrilha que dura há décadas no país.

Leia Também: Human Rights Watch acusa Myanmar de recrutar rohingya à força

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