Líder da revolta na Nova Caledónia e ativistas em preventiva em França
Vários ativistas pró-independência da Nova Caledónia, incluindo o líder do movimento de revolta contra a reforma eleitoral, deverão ser mantidos em prisão preventiva na França continental, anunciaram hoje os advogados, declarando-se "estupefactos".
© Lusa
Mundo Nova Caledónia
As decisões foram tomadas por um juiz de liberdade e detenção, chamado a pronunciar-se sobre o destino das 11 pessoas detidas na quarta-feira, entre as quais Christian Tein, considerado o líder da célula de coordenação das ações de terreno (CCAT), organização criada em novembro de 2023 e cujos dirigentes são acusados pelas autoridades de provocarem os atos de violência que afetam o arquipélago francês no Pacífico Sul.
O procurador Yves Dupas confirmou à agência France-Presse (AFP) que os detidos foram "destacados para a França continental", mas não deu mais pormenores, no final das audiências à porta fechada em Numéa, capital do arquipélago francês do Pacífico Sul.
As acusações não foram especificadas. A investigação incide, nomeadamente, sobre conspiração criminosa, roubo organizado à mão armada e cumplicidade por instigação no homicídio ou tentativa de homicídio de pessoas no exercício de funções oficiais.
Tein deverá ser encarcerado em Mulhouse (leste de França), segundo o seu advogado, Pierre Ortent, que manifestou o seu "espanto".
"Se quisessem fazer da causa pró-independência um mártir, não fariam de outra forma", comentou Stéphane Bonomo, advogado de outro arguido.
Estas decisões surgem seis semanas após o início da mais grave onda de violência em França desde a década de 1980.
Instigados pela votação de um projeto de lei constitucional que visa alargar o eleitorado da Nova Caledónia para as eleições provinciais previstas para o final de 2024, os tumultos causaram nove mortos, entre os quais dois polícias, centenas de feridos e prejuízos consideráveis, com um custo estimado em 1,5 mil milhões de euros, segundo os últimos números.
O projeto de lei que provocou os tumultos foi "suspenso" em 12 de junho pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, na sequência da dissolução da Assembleia Nacional.
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