Costa do Marfim. Ativistas preocupados com vaga de "ataques homofóbicos"
Ativistas LGBTQIA+ da Costa do Marfim estão preocupados com uma vaga de "ataques homofóbicos" verbais e físicos, alimentados pelas redes sociais, que têm como alvo, desde há um mês, pessoas homossexuais e transexuais, noticia hoje AP.
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Mundo Costa do Marfim
"Desde o início de agosto, foram registadas cerca de 30 agressões físicas homofóbicas" pelo Movimento Social LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgénero, Queer, Interssexuais e Assexuais) da Costa do Marfim, que reúne várias associações, disse Brice Donald Dibahi, 32 anos, fundador da Organização Não-governamental (ONG) Gromo, uma das mais ativas da comunidade no país.
Na Costa do Marfim - onde a lei não criminaliza a homossexualidade, ao contrário de muitos países africanos - "sempre houve homofobia, seja na rua ou nas redes sociais, mas nunca vi este tipo de revolta", acrescentou.
"Nunca vi um movimento desta dimensão", confirma Louna, 44 anos, diretora da ONG Droit à la différence e mulher transexual, que teve de encerrar a sede da sua associação na semana passada e que se prepara para deixar Abidjan.
Nas últimas semanas, Louna diz ter ouvido comentários ameaçadores nas ruas do seu bairro, tais como: "Vocês estão a perverter a sociedade, por isso não devem existir".
Segundo Brice Donald Dibahi, este mês foram apresentadas cinco queixas contra desconhecidos por "agressões" ou "insultos", acrescentando que os ataques ocorreram principalmente em bairros populares de Abidjan, como Yopougon, mas a capital política Yamoussoukro também foi afetada, de acordo com um residente contactado pela AFP que disse ter sido ameaçado.
"Temos medo de ir ao mercado, de ir ao restaurante para comer, porque nunca se sabe de onde pode vir o golpe", continuou Dibahi.
A onda de ódio começou nas redes sociais no início de agosto, na sequência de rumores de um caso de pedofilia alegadamente envolvendo um homossexual.
Várias publicações apelaram a uma marcha pacífica este fim de semana em Abidjan contra "woubis", uma palavra nascida na Costa do Marfim e utilizada pela primeira vez pela comunidade LGBTQIA+ para se referir a si própria, antes de se tornar um termo pejorativo.
No final de 2021, a questão da homossexualidade foi objeto de debate público após acesas discussões na Assembleia Nacional. A referência à "orientação sexual" como motivo de discriminação foi retirada do Código Penal.
No continente africano, a homossexualidade é criminalizada em cerca de 30 países, alguns dos quais endureceram recentemente as suas leis, como o Burkina Faso, o Gana e o Uganda.
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