Prosseguem protestos na Geórgia com detenções e 150 polícias feridos
Milhares de manifestantes pró-União Europeia (UE) concentraram-se hoje em Tbilissi pela sétima noite consecutiva para protestar contra o Governo da Geórgia, com as autoridades a confirmarem sete novas detenções e 150 polícias feridos na sequência destas manifestações.
© Lusa
Mundo Geórgia
Enrolados em bandeiras georgianas e europeias, sob temperaturas negativas, a multidão entoou o hino nacional sob o olhar atento de dezenas de polícias, relataram os jornalistas da agência France Presse (AFP).
As autoridades georgianas anunciaram, entretanto, a detenção de sete pessoas acusadas de organizar atos de violência durante as manifestações pró-europeias no país do Cáucaso.
"A polícia deteve sete pessoas por organizarem e dirigirem um grupo violento", informou o Ministério da Administração Interna em comunicado, acrescentando que os suspeitos, que não foram identificados, podem ser condenados até nove anos de prisão.
O ministério informou ainda que 150 polícias ficaram feridos durante a última semana de protestos na capital georgiana, na sequência de confrontos com os manifestantes, que continuam a exigir a repetição das eleições legislativas de 26 de outubro.
A mesma fonte detalhou que os agentes ficaram feridos em "ações agressivas e destrutivas de grupos violentos".
"Continuamos a investigar os atos perpetrados por grupos violentos que participaram e apelaram publicamente a este tipo de agressão", segundo o ministério, referindo que a maioria dos protestos concentrou-se na Avenida Rustaveli, no centro de Tbilissi, perto do edifício do parlamento.
"As regras estabelecidas sobre o direito de manifestação foram desrespeitadas e estes protestos assumiram um caráter violento, que persiste até hoje", prosseguiu o comunicado governamental, referindo haver relatos de feridos de "gravidade variável, bem como de danos em infraestruturas e bens".
Cerca de 300 pessoas foram detidas até à data na sequência destes protestos desencadeados pela decisão do Governo de adiar a discussão sobre a adesão à UE, em plena crise pós-eleitoral.
As manifestações têm continuado enquanto o primeiro-ministro do país, Irakli Kobajidze, está em confronto direto com a oposição e com a Presidente georgiana, Salome Zurabishvili, que insiste que as instituições foram "sequestradas" desde as eleições e apela a um novo processo eleitoral para resolver a crise interna.
As recentes eleições legislativas na Geórgia, realizadas em outubro passado, foram conquistadas pelo partido no poder, o Sonho Georgiano, acusado pelos seus críticos de deriva autoritária e pró-russa.
O parlamento já aprovou a convocação de eleições presidenciais para o próximo dia 14 de dezembro e que vão colocar fim ao mandato de Zurabishvili como chefe de Estado, apesar de a própria Presidente ter sublinhado que não abandonará o cargo enquanto não se realizarem novas eleições legislativas e o país não retomar o caminho da integração europeia.
O Governo suspendeu as negociações de adesão à UE até 2028.
A Geórgia obteve oficialmente o estatuto de candidato à adesão à UE em dezembro de 2023, mas Bruxelas congelou entretanto o processo, acusando o Governo de dar um grave passo atrás em termos de democracia.
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