Madrid e de Barcelona à beira de mudanças nas eleições municipais
A uma semana das eleições municipais em Espanha, as duas maiores câmaras do país parecem destinadas a grandes mudanças: uma ativista anti-despejos está à frente em Barcelona e o PP está empatado com o Podemos em Madrid.
© Reuters
Mundo Câmaras
Na capital espanhola, o PP surge nas sondagens para a câmara com 19 deputados municipais (uma queda importante face aos 31 que o partido obteve nas eleições de 2011) e a dez da maioria absoluta. Os populares reúnem 29,7% das intenções de voto.
A cabeça-de-lista do PP para a capital espanhola é a "histórica" Esperanza Aguirre, uma escolha do líder nacional do PP e chefe do Governo, Mariano Rajoy, para tentar segurar uma câmara da capital gerida por "populares" há 24 anos.
Aguirre é presidente do PP de Madrid e antiga presidente da Comunidade de Madrid (cargo que ocupou de 2003 a 2012), mas tem enfrentado polémicas atrás de polémicas, relacionadas com corrupção de subordinados seus durante os seus mandatos e mesmo um ato de desobediência à polícia municipal, posteriormente arquivado.
Muito próximo de Aguirre nas sondagens surge a plataforma Ahora Madrid, uma coligação que junta o Podemos, o Ganemos, a Equo e ex-membros da Izquierda Unida, entre otros. É um segundo lugar, com 17 deputados municipais, mas na realidade é um empate técnico com o primeiro lugar, uma vez que o Ahora Madrid obtém 27,8% das intenções de voto (uma diferença de 1,9 pontos percentuais numa sondagem com 3,2% de margem de erro).
À frente do Ahora Madrid está Manuel Carmena, uma mulher com 30 anos de carreira como juíza (juíza emérita do Supremo e fundadora da associação Juízes para a Democracia), que é um dos trunfos do Podemos de Pablo Iglesias.
Carmena parece estar a ganhar terreno a Aguirre, já que há duas semanas as sondagens da Metroscopia para o El País davam uma vantagem superior a 10 pontos percentuais à candidata popular.
O cenário complica-se com uma análise aos resultados dos socialistas do PSOE (com o professor e economista Antonio Miguel Carmona como cabeça-de-lista) e do Ciudadanos, que entram pela primeira vez na corrida a Madrid (com a advogada Begoña Villacis).
O PSOE fica-se pelos 11 deputados municipais (contra os 15 de 2011), enquanto o Ciudadanos (centro-direita) entra em força com 10 deputados.
Ou seja, o PP de Aguirre teria de encontrar um acordo com o Ciudadanos para governar com estabilidade (os seus 19 deputados e os 10 de Begoña Villacis dariam para a maioria absoluta, com mais um do que uma hipotética aliança Ahora Madrid e PSOE).
Para complicar um pouco mais as coisas, a lei eleitoral espanhola indica que nas municipais (ao contrário das autonómicas) os partidos têm apenas uma hipótese de chegar a acordos de coligação pós-eleitorais. Sem esse acordo logo na primeira votação camarária, o candidato da lista mais votada assume a câmara
Em Barcelona, a fragmentação do voto é ainda maior, e as implicações políticas são igualmente importantes, se bem que por outras razões.
Na segunda cidade espanhola e "capital" da Catalunha -- cujo governo regional lançou um processo de soberania -- é a ativista Ada Colau, fundadora da "Plataforma de Afectados por la Hipoteca" (uma organização que visa impedir o despejo de pessoas que não conseguem pagar a hipoteca aos bancos) quem segue na frente.
Colau lidera a lista Barcelona en Comú (BComú), novo nome do movimento Guanyem Barcelona, que agrega a Iniciativa per Catalunya Verds (ICV), Esquerra Unida, Podemos, Procés Constituent e Equo.
Nas sondagens da Metroscopia, a Barcelona en Comú obtém 12 deputados municipais, contra os 10 da Convergencia i Unió (CiU, do atual presidente da Câmara, Xavier Trias). Mas a fragmentação do voto é tão grande (ainda que 26% dos questionados tenham dito que ainda estão indecisos) que eventuais acordos para a gestão camarária implicariam envolver três ou quatro formações.
Com o Ciutadans (que no resto de Espanha adota o nome Ciudadanos) a obter seis deputados, as grandes quedas são dos partidos tradicionais: Partido Socialista da Catalunha cai de 11 deputados para três e o PP de nove para dois.
Ainda assim, em Barcelona as atenções estarão voltadas para saber se a CiU, o partido do presidente do governo regional, Artur Mas, perde a capital catalã.
Em campanha, Artur Mas tem repetido que Barcelona é a ponta de lança do processo soberanista e uma derrota nas municipais poderia mesmo lançar dúvidas quanto às autonómicas catalãs de 27 de setembro.
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