Grupo Marriott acusado de querer "dividir a China" após lapso em lista
O grupo de hotelaria Marriott International foi esta semana acusado de querer "dividir a China" e colocado sob investigação, depois de ter listado Macau, Hong Kong, Taiwan e Tibete como países independentes num inquérito aos clientes.
© Reuters
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Aqueles quatro territórios surgiram como opção de resposta no inquérito 'online', em língua chinesa, à questão "em que país reside?".
O lapso foi prontamente identificado pela imprensa e internautas chineses, como uma tentativa de "dividir a China" e suscitou apelos ao boicote aos hotéis geridos pelo grupo.
"Queremos a Marriot fora da China, não passa de uma ameaça separatista oculta", comentou um internauta na rede de mensagens Weibo, o Twitter chinês.
"Existem forças por detrás da cortina a manipular e a querer lançar o caos na China para travar a sua ascensão", escreveu outro internauta.
Houve também quem optasse pela ironia: "Eu que não me posso dar ao luxo de ficar nos hotéis da Marriot, já há muito boicoto a empresa".
O Gabinete de Supervisão do Mercado de Xangai, agência governamental encarregue de fiscalizar as empresas com sede na cidade, lançou já uma investigação ao grupo, noticiou a agência oficial Xinhua.
A Marriott, o maior grupo hoteleiro do mundo, opera mais de 100 hotéis e 'resorts' na China, incluindo as marcas Ritz Carlton e St Regis.
Várias empresas estrangeiras foram já alvo de boicote na China por motivações políticas.
No ano passado, quase todos os supermercados da firma sul-coreana Lotte no país foram encerrados, em protesto contra a instalação na península coreana do sistema antimísseis norte-americano THAAD.
A Lotte, quinta maior empresa da Coreia do Sul, trespassou os terrenos ao Governo sul-coreano para a instalação do THAAD, que Pequim considera constituir uma ameaça ao seu território.
Marcas como a Coca-Cola, Chanel ou Apple foram também no passado acusadas de quererem "dividir a China", ao listar Hong Kong e Taiwan como países nos seus portais eletrónicos ou brochuras.
Muitas empresas optaram então por colocar "países e regiões" no cabeçalho da lista, em vez de só países.
À exceção da Defesa e das Relações Externas, que são da competência exclusiva de Pequim, as Regiões Administrativas Especiais de Hong Kong e de Macau gozam de "um alto grau de autonomia", são governadas pelas respetivas populações, mantêm as suas moedas e não pagam impostos ao governo central chinês, ao abrigo do princípio "um país, dois sistemas".
A noção de independência para aqueles territórios é, no entanto, denunciada por Pequim como sendo "contra a Constituição da China e a Lei Básica" das respetivas regiões.
Os executivos locais precisam de ser aprovados por Pequim para poderem exercer.
Já Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo governo chinês depois de o Partido Comunista (PCC) tomar o poder no continente, em 1949, assume-se como República da China, mas Pequim considera-a uma província chinesa e não uma entidade política soberana.
O Tibete, a região menos populosa da China, com apenas cerca de três milhões de habitantes, é uma das províncias chinesas mais vulneráveis ao separatismo, com os locais a argumentarem que a região foi durante muito tempo independente, até à sua ocupação pelas tropas chinesas em 1951.
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