Ex-ministros da Educação defendem aprendizagem ao longo da vida
Os ex-ministros da Educação David Justino e Maria de Lurdes Rodrigues defenderam hoje a continuidade da formação ao longo da vida, com a ex-governante socialista a valorizar os diplomas escolares e o social-democrata a valorização social e pessoal.
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País Formação
"Hoje as pessoas estão mais abertas, mais interessadas em recorrer à educação, mas fundamentalmente à formação ao longo da vida, precisamente porque começam a perceber que essa formação ao longo da vida, em vida adulta, é importante para a sua valorização pessoal e social e para a sua capacidade de se adaptar aos novos tempos", defendeu David Justino.
O ex-ministro da Educação social-democrata enalteceu os "passos importantes que foram dados nesta matéria", mas disse que agora o desafio que se coloca é o de "preparar pessoas para cenários de desenvolvimento que não eram aqueles que havia há 10, 15 anos".
David Justino defendeu que é preciso "valorizar um conjunto de qualificações que têm a ver com a capacidade de adaptação, com a capacidade de resolver problemas, tem a ver com a capacidade de poder encontrar soluções para problemas não previstos" havendo assim, acrescentou, "um conjunto de novos desafios que vão colocar também novas questões a este mundo".
E tendo em conta estes desafios, David Justino lançou um desafio no decorrer do painel "Aprendizagem ao longo da vida: Balanço de uma estratégia", na conferência sobre o mesmo tema organizada pelo Conselho Económico e Social", que decorreu hoje em Viseu.
"Vamos traçar um conjunto de três quatro cenários fundamentais e vamo-nos entender sobre as necessidades de apostar em determinados domínios, nomeadamente na educação e formação e, em torno desses cenários, com parceiros sociais, com partidos políticos, com outros atores definir: é isto que nós queremos? Então daqui a cinco, dez anos é para aqui que queremos ir", desafiou.
O ex-governante social democrata lembrou que "se houver convergência e esse compromisso torna-se mais fácil", mas, caso não haja, vai continuar a assistir-se "eternamente a esta ideia de que vem um novo governo e deita tudo abaixo, faz tudo ao contrário do anterior, e isso é que não pode continuar".
Os domínios de educação em que se deve apostar estão bem definidos para a também ex-ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues, do Partido Socialista, que no mesmo painel defendeu a necessidade dos diplomas escolares na aprendizagem ao longo da vida.
"Os diplomas que têm de facto valor no mercado, são os escolares. Ter o ensino básico, o secundário, uma licenciatura, um mestrado, um doutoramento. Os diplomas profissionais que não conferem grau são muito importantes, mas têm um valor menor no mercado", disse.
Maria de Lurdes Rodrigues defendeu que, se o objetivo é incentivar a aprendizagem ao longo da vida, tem de se "resolver este problema básico da existência de milhares de portugueses que não têm um diploma escolar", que não têm o nono ano, que não têm o 12º ano, que não têm ainda uma licenciatura.
"É neste campo que penso que se deve trabalhar, na articulação com o sistema de ensino profissional não esquecendo nunca que a aprendizagem ao longo da vida não pode ser apenas uma aprendizagem profissional tem que ter em atenção a certificação e a habilitação escolar de todos os cidadãos", defendeu.
Um problema que no entender da ex-governante não se coloca nas gerações mais novas, "porque já incorporaram a ideia da recorrência, a ideia de que o processo de formação é inacabado e por isso voltam à universidade" para mestrados e pós-graduações e, por isso, "é importante apostar nas gerações mais velhas e incentivá-las a voltar a estudar.
"Para isso, o discurso é muito importante, o discurso político valorizador da aquisição de competências e da formação. Há muitas outras ações como a acessibilidade, permitir o acesso gratuito, dar possibilidades no local de trabalho para que as pessoas possam estudar e, nesse sentido, a articulação com os parceiros sociais, com os empregadores é muito importante", defendeu.
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