Os Bombeiros Voluntários estão em protesto e declararam, este sábado, um boicote à Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) deixando de comunicar informações aos comandos distritais. Tal boicote, informou então o presidente da Liga  dos Bombeiros, passaria a ter efeitos a partir desta madrugada. 

Uma decisão que já levou o ministro da Administração Interna a reagir considerando o boicote dos Bombeiros "absolutamente irresponsável", pondo "em causa a segurança dos portugueses". 

O Notícias ao Minuto questionou a Autoridade Nacional de Proteção Civil para perceber se a decisão dos Bombeiros está já a ter impacto na estrutura. 

Até agora, afirmou fonte da ANPC, trata-se de uma decisão cujo impacto não tem tido "expressão", uma vez que "ainda é muito cedo para tirar conclusões", sobretudo num dia particularmente calmo a nível do ocorrências. 

O mesmo responsável deu conta que se regista, este domingo, "uma certa calma" e que, inclusive, há corpos de bombeiros a reportar as "pequeníssimas" ocorrências que se têm registado no país, salvaguardando com isto que tal não significa que não estejam a dar cumprimento à decisão da Liga. 

De resto, explicou ainda a mesma fonte, normalmente as ocorrências comunicadas via 112 chegam à Proteção Civil porque se trata de um "sistema integrado de reporte". Ou seja, apesar de a Liga ter decidido não prestar informações, "a realidade é que o sistema permite essa informação", nomeadamente que meios são mobilizados para cada situação. 

O que não permite, clarificou, é detalhes mais concretos das ocorrências e pontos de situação das mesmas.  Todavia, reafirmou ser muito cedo para tecer qualquer conclusão do anunciado boicote. 

No sábado, em Santarém, Jaime Marta Soares disse aos jornalistas que, de imediato, os bombeiros deixam de participar na estrutura da ANPC, "não ouvindo nada do que dizem os CODIS (comandantes distritais operacionais)", bem como em todos os eventos em que estejam representantes desta entidade ou membros do Governo, podendo mesmo "não participar no dispositivo dos incêndios florestais".

Em causa estão as propostas aprovadas pelo Governo em 25 de outubro, na área da proteção civil, com a maior contestação centrada nas alterações à lei orgânica da Autoridade Nacional de Emergências e Proteção Civil, futuro nome da atual ANPC, reivindicando a LBP uma direção nacional de bombeiros "autónoma independente e com orçamento próprio", um comando autónomo de bombeiros e o cartão social do bombeiro.

Marta Soares assegurou que esta atitude dos bombeiros não porá em causa a segurança e o socorro aos portugueses, garantindo que estes continuarão a funcionar "exatamente na mesma".

Este domingo, em resposta a Eduardo Cabrita, o presidente da Liga acusou de o ministro de estar a "dramatizar" e de "não dizer a verdade".