Autarca açoriano acusado de prevaricação pede abertura de instrução
O presidente da Câmara de Vila Franca do Campo, nos Açores, o socialista Ricardo Rodrigues, pediu abertura de instrução no processo em que está acusado dos crimes de prevaricação e abuso de poder, revelou hoje o autarca.
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País Vila Franca
"Está feito o pedido", adiantou à agência Lusa o autarca da ilha de São Miguel.
Em agosto, o Ministério Público (MP) acusou o presidente da Câmara de Vila Franca do Campo dos crimes de prevaricação e abuso de poder, segundo um despacho a que a Lusa teve acesso na altura.
Na ocasião, o autarca afirmou "não ser razoável condenar as pessoas antes" de o caso ser "apreciado por um juiz".
"Antes da apreciação do juiz, vou manter-me em funções. Faz parte das regras. O MP omitiu alguns factos. Não vou dizer que intencionalmente, mas omitiu alguns factos para que a sua versão tenha consistência", disse.
Hoje, em declarações à Lusa, o autarca justificou o pedido de abertura de instrução reiterando "falta de fundamento da acusação".
A instrução é uma fase facultativa do processo comum em processo penal, dirigida pelo juiz de instrução, através da qual se decide se o inquérito deve ser arquivado ou se, ao invés, deve ser submetido a julgamento.
Em causa está a concessão da exploração de um espaço destinado à restauração a uma associação constituída pelo irmão do presidente da autarquia, Luís Rodrigues, e pelo marido da ex-vereadora socialista Nélia Guimarães.
Nélia Guimarães e o ainda vereador na autarquia Carlos Pimentel estão igualmente acusados daqueles crimes pelo MP.
O caso remonta a 2018, quando a Procuradoria-Geral da República abriu um inquérito sobre a concessão de um espaço de restauração construído pela Câmara de Vila Franca do Campo, em São Miguel, à Associação Amigos de Vila Franca do Campo.
De acordo com o despacho, a que a Lusa teve acesso em agosto, entre finais de 2017 e início de 2018, os quatro intervenientes "delinearam um plano" para que a concessão do espaço de restauração da Rotunda dos Frades fosse "assegurada" a Luís Rodrigues.
O MP alega que o irmão do presidente da autarquia e o marido da vereadora "constituíram uma associação sem fins lucrativos" com a intenção de apresentar uma proposta de concessão, "preparada previamente à abertura do procedimento".
Segundo o MP, chegou a surgir um outro interessado em concorrer à exploração, mas só obteve os elementos solicitados à Câmara (como a cópia do projeto de arquitetura, pareceres e alvarás) quando faltava "uma hora e meia para o termo do prazo do concurso", razão pela qual "não apresentou proposta".
O inquérito iniciado em 2018 surgiu na sequência de uma participação que o PSD fez junto do MP sobre a concessão daquele espaço junto à rotunda dos Frades "a familiares de membros" da maioria socialista do executivo municipal.
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