DN com "parecer negativo" a Ana Cáceres Monteiro e sem aval para Júdice
O Conselho de Redação (CR) do Diário de Notícias entendeu, "por maioria, não dar aval" a José Júdice para diretor e, "por unanimidade", dar "um parecer negativo" a Ana Cáceres Monteiro para subdiretora, refere um comunicado.
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País Media
O Conselho de Administração da Global Media Group (GMG) tinha, segundo um comunicado datado de 03 de outubro, indicado os nomes de José Júdice e Ana Cáceres Monteiro para integrarem a direção do Diário de Notícias (DN) como diretor e subdiretora, juntando-se ao diretor-adjunto, Leonídio Paulo Ferreira.
Em 09 de outubro, os membros do CR reuniram-se com os jornalistas José Júdice (JJ) e Ana Cáceres Monteiro (ACM), tendo o diretor indigitado feito "uma avaliação da situação atual do DN que evidenciou consciência do estado depauperado da redação e do posicionamento do título no mercado da imprensa", lê-se num comunicado a que a Lusa teve hoje acesso.
"Questionado sobre que plano tem para o jornal, JJ defendeu 'no mínimo duplicar a redação - neste momento composta por 13 jornalistas/redatores (dois dos quais grandes repórteres), seis editores (que acumulam a edição do 'site' com outras funções no jornal), três editores executivos, mais dois diretores, ou seja, 24 jornalistas no total no total -, 'reforçar a parte gráfica', 'reforçar a revisão' e reduzir aquilo que denominou de 'profusão de textos de opinião'", adianta o CR.
José Júdice, acrescentam, disse que estavam identificadas "pessoas com experiência", mas "sem rabos-de-palha" para o reforço da redação "e defendeu ainda a necessidade de uma 'radical renovação gráfica' do DN, além do lançamento de novos produtos, como uma edição reforçada de fim de semana com 'vários suplementos', sem, no entanto, adiantar, quando sobre isso foi perguntado, em que consistirão e qual a especificidade da abordagem jornalística".
Relativamente ao 'online', JJ "defendeu também o reforço e mais meios", admitindo, no entanto, "que ainda não sabe" que orçamento terá para o relançamento que se propõe fazer do DN.
Sobre o facto de não ter assento numa redação desde 1992, respondeu: "Não tenho tido assento na redação, mas para o que é preciso fazer também não faz falta", referindo que "não é seu papel como eventual diretor 'fazer de chefe de redação ou editor'".
"Os membros eleitos do CR não podem deixar de notar que os planos e projeto apresentados, ainda que em parte vão ao encontro do que a redação almeja e defende, suscitam algum ceticismo quanto à sua exequibilidade, depois de longos anos em que o percurso traçado pelas sucessivas direções e administrações, malgrado declarações iniciais de 'reinvestimento', 'revalorização', e 'redignificação', foi no sentido inverso, de notória desvalorização da redação e do título".
O CR destaca ainda que "JJ assumiu não ler a imprensa portuguesa, apenas a estrangeira".
Relativamente a Ana Cáceres Monteiro, o CR considera que, "por muito que ACM tenha, como defendeu, 'capacidade de trabalho' e de 'coordenar equipas', o percurso e perfil desta jornalista, com carreira maioritariamente ligada às publicações de 'lifestyle' e da chamada 'imprensa cor-de-rosa', suscitam reservas sobre a mais-valia da sua incorporação na direção do Diário de Notícias, numa altura de urgente reforço da credibilidade do jornal e do seu reposicionamento enquanto referência de um jornalismo de qualidade".
Além disso, "o CR teve conhecimento de uma acusação de plágio, ocorrida em abril, quando ACM era subdiretora do Jornal Económico (JE), de um texto de uma jornalista do Dinheiro Vivo (DV, suplemento económico do Diário de Notícias)".
O CR "fez uma averiguação prévia à reunião com os dois indigitados, pedindo esclarecimentos (sob a forma de depoimento escrito) a todos os envolvidos à exceção de ACM, uma vez que o pedido de esclarecimento seria efetuado na reunião".
De acordo com o CR, Ana Cáceres Monteiro "admitiu um 'erro grave', assegurando, no entanto, que não houve 'dolo' da sua parte, mas uma confusão num momento de stress entre o texto de um 'press release' enviado por uma agência e as pesquisas próprias sobre o tema que fez 'online', que incluíam o texto da jornalista do DV".
A jornalista garantiu ter "assumido responsabilidades" em relação ao sucedido, mas "não efetuou retificação".
"Confrontado com a situação, o diretor indigitado assumiu que já sabia do caso, embora tenha demonstrado no decorrer da reunião que não tinha conhecimento dos factos todos", tendo reconhecido tratar-se de "um erro grave e imperdoável", "uma situação deontologicamente inaceitável", mas disse também que o erro fora "já assumido".
No entanto, "se eu fosse diretor dessa publicação despublicava o texto em causa e dava um esclarecimento público", afirmou, citado pelo CR, acrescentando que se uma situação como esta acontecer sob sua direção no DN, faria "uma retratação pública nas páginas do jornal".
Sobre a escolha de ACM, JJ "revelou que a sugestão do nome veio da administração, mas defendeu a 'capacidade e entrega' da jornalista como qualidades importantes para integrar a sua direção no DN".
O comunicado do CR é acompanhado de uma declaração de voto de Fernanda Câncio, na qual a jornalista dá conta à redação da "averiguação rigorosa" que foi feita acerca da acusação de plágio imputada à subdiretora indigitada.
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